domingo, 10 de novembro de 2019

2019, o ano de fogo de Marcos Bastinhas

2019, o ano de todas as emoções para Marcos Bastinhas
A grande noite da consagração: a saída em ombros pela porta grande da praça
do Campo Pequeno
Passeado em ombros na noite da apoteótica encerrona em Elvas e, na foto de
baixo, sem conseguir conter a emoção no festival de início de temporada em
Vila Franca, a primeira actuação em público depois da morte de seu pai


2019 foi o ano de fogo de Marcos Bastinhas. O mais complicado, por ter sido o primeiro sem a presença de seu pai. O mais apoteótico, pela força com que deu a volta à sua carreira e se proclamou indiscutivelmente como um dos grandes triunfadores da temporada

Miguel Alvarenga - A morte se seu pai, o eterno Maestro Joaquim Bastinhas, no último dia do ano que passou, marcou a vida de muita gente, mas marcou em particular a vida de seu filho Marcos Bastinhas.
A temporada de 2019 foi a mais difícil de todas para o jovem cavaleiro de Elvas. A mais complicada - pela ausência do seu mestre, do seu pai. Pela saudade sentida cada vez que entrava em praça. Pela emoção de notar e sentir todo o carinho com que o público o recebeu em todas as praças. Carinho que de início (Vila Franca, no festival de despedida de David Antunes) se interpretava como de homenagem à memória de seu pai, mas depressa se transformou num carinho de apreço e reconhecimento pela marca que o Marcos deixou este ano em todas as praças.
Entre a dor, o sofrimento, a saudade, explodiu um sentimento gigantesco de afirmação, de consagração, estilo como quem diz "Ele não está, mas estou eu e o nome Bastinhas vai continuar a fazer história!". E fez mesmo.
De corrida em corrida, Marcos Bastinhas foi-se afirmando, foi-se agigantando, foi impondo o seu estilo, reafirmando a força do nome que seu pai tão bem honrou ao longo de anos e anos, até se proclamar, indiscutivelmente, um dos grandes triunfadores desta temporada, distanciando-se, pelo seu valor, pela sua raça e pelo seu querer, do pelotão da frente.
Lisboa, na noite de homenagem a seu pai, foi o marco da consagração definitiva. Foi a corrida em que Marcos Bastinhas deu definitivamente o salto e se consagrou como um dos mais destacados cavaleiro da actualidade. Abriu a porta grande do Campo Pequeno e por ela saíu apoteoticamente em ombros, honra que este ano apenas foi também alcançada em Setembro pelo grupo de forcados amadores de Lisboa e que fez dele o grande triunfador da temporada lisboeta a par de João Moura Jr., que, mesmo não tendo saído aos ombros, marcou a diferença também em duas corridas memoráveis.
Poderia aqui recordar todas as tardes e todas as noites da temporada triunfal de Marcos Bastinhas, mas seria extensivo e não é preciso. Recordarei a noite da Nazaré, em que também saíu em ombros; o triunfo notável na Arruda, onde injustamente não lhe deram o prémio da melhor lide; a tarde de Évora, onde se homenageou seu pai e de onde saíu triunfador em competição com os Hermosos; a corrida no Cartaxo, onde ganhou o troféu da melhor lide; a noite de Moura onde muito justamente foi galardoado com o prémio para o melhor par de bandarilhas e que tinha o nome de seu pai; por fim, a apoteose da encerrona em Elvas, onde lidou sete toiros e saíu em ombros naquela que foi a maior e a mais bonita das homenagens que prestou à memória de seu pai.
Marcos marcou esta temporada, foi um dos seus maiores e mais aclamados triunfadores, deu por fim o salto que se esperava e honrou com todas as forças e todas as ganas a responsabilidade e a importância de se chamar Bastinhas.
Olé, Toureiro!

Fotos Maria Mil-Homens, João Carrilho e M. Alvarenga