José V. Claro - Muito público (praça cheia) e muito entusiasmo ontem nas bancadas da praça portátil instalada na Golegã, onde teve lugar o festival de homenagem a Manuel dos Santos (no centenário do seu nascimento), que foi o último festejo da temporada, com a estranha particularidade (há tanta coisa estranha na nossa Festa...) de o cartel incluir apenas um matador de toiros e... seis cavaleiros, mais três grupos de forcados, quando se tratava de render tributo à memória daquele que foi o maior dos matadores nacionais...
Foram lidados a cavalo seis novilhos, "muito colaboradores" e de nota extraordinária, da ganadaria Rosa Rodrigues, havendo apenas que lamentar a falta de trapio e de apresentação. Bem sabemos que se tratava de um festival e não de uma corrida de toiros, mas nem tanto ao mar, nem tanto à terra... Eram erales muito abaixo do que se exige, até mesmo num festival.
A pé, Manuel Dias Gomes toureou em quarto lugar um novilho da ganadaria Vinhas (agora propriedade de seu pai, José Luis Gomes) - que saíu bem, mas também sem a necessária presença e apresentação, mesmo tratando-se de um festival. Valeu a entrega de Manuel e alguns bons detalhes da sua muita arte.
No que aos cavaleiros diz respeito, numa tarde em que actuaram quatro portugueses, um espanhol e um mexicano, o maior triunfo foi do rejoneador espanhol Sebastián Fernández (foto de cima), que aqui se apresentava pela primeira vez e deixou ambiente e vontade de o revermos numa corrida formal na próxima temporada.
Manuel Telles Bastos estreou um cavalo de saída que nos pareceu vulgar e para as bandarilhas sacou um veterano com o ferro de Pablo Hermoso, lidando com acerto.
Francisco Palha sacou um cavalo novo ainda algo verde e que sofreu uma queda, em bandarilhas toureou com o Brito Paes e terminou com o Moura velho, em bom plano, mas sem deslumbrar. Deu volta.
O espanhol Sebastián Fernández foi o grande e incontestado triunfador do festival, criando um autêntico alvoroço nas bancadas. Conquistou o público português nesta sua primeira presença entre nós - e deixou enorme ambiente para uma repetição em 2026 numa corrida formal. Força, senhores empresários!
Paco Velásquez lidou um novilho muito nobre, pecando por demasiadas passagens em falso, mas cravou ferros de boa nota e o público esteve com ele.
O praticante Vasco Veiga estreou um novo cavalo, o "Oriente", com o qual colocou três ferros compridos extraordinários. Nos curtos, esteve bem no "Quirinal da Broa" (que promete) e terminou na égua castanha (ferro Miguel Paiva), de muito boa nota.
Encerrou o festival o rejoneador mexicano Alejandro Amaya, que demonstrou preocupação na correcção e acabou em muito bom nível, também a deixar nos aficionados a vontade de o rever na nossas praças.
Os forcados dos grupos de Tomar, São Manços e Chamusca estiveram em muito bom nível nas seis pegas aos pequenos novilhos de Rosa Rodrigues.
Parabéns à organização, apenas com este reparo, já em cima referido: os novilhos, de excelente nota, estavam muito abaixo deste evento, no que diz respeito ao trapio e à apresentação.
Fotos D.R./Arquivo e Miguel Calçada

