domingo, 9 de agosto de 2020

Assim não pode ser!

Única nota negativa, altamente negativa e deveras preocupante, da corrida nocturna de ontem na praça de Alcochete: foi visivelmente (as fotos falam por si) ultrapassada a lotação permitida (50%) pelas regras da "nova normalidade", a praça estava praticamente cheia, sem o cumprimento devido do distanciamento social exigido e pondo em risco a saúde pública e a segurança dos espectadores. Assim não pode ser!

Miguel Alvarenga - Pelo maior respeito, carinho e amizade que tenho pela Margarida e pelo António José, que souberam nestes dois últimos anos honrar com toda a seriedade e aficion o legado que seu pai lhes deixou, mas sobretudo pelo tributo que devo à memória daquele que foi neste meio um dos meus maiores amigos, o meu querido António Manuel Cardoso "Nené", não posso - não podemos nem devemos - deixar passar em branco aquilo que ontem se passou e não se deveria ter passado em Alcochete.

O momento é de união e é sobretudo de preocupação pelo futuro e pela garantia de que os espectáculos tauromáquicos se possam continuar a realizar, com o necessário e escrupuloso cumprimento das regras ditadas pela DGS e pela IGAC em nome da prevenção do contágio da covid-19, em nome da defesa e garantia da segurança dos espectadores e da saúde pública.

Não pode ser apenas o empresário Pombeiro a cumprir as regras e a dar o exemplo, fazendo-nos sentir a todos seguros nas suas praças e nas suas corridas. É necessário e urgente que todos o façam também. E isso ontem em Alcochete não aconteceu.

A praça registou uma moldura humana como a dos tempos normais e muito acima dos 50% da lotação permitidos pelas novas normas que mais não pretendem do que salvaguardar a saúde pública e o bem estar e a segurança de todos.

A praça de Alcochete parecia ontem a Festa do Avante - e não pode ser assim. Não podemos permitir que depois nos venham apontar, como está a acontecer desde ontem nas redes sociais, o não cumprimento das regras por que nos batemos para garantir a continuidade das corridas numa temporada em que elas estiveram - e assim podem voltar a estar - em risco.

De modo algum podem uns andar a remar numa direcção e depois virem outros remar noutra e estragar tudo o que foi feito.

O público também não teve o mínimo respeito pelas ordens que iam sendo dadas na hora de abandonar a praça e mal terminou a última pega, antes da entrega dos prémios às ganadarias triunfadoras do concurso, muitos espectadores começaram em desenfreada debandada dos sectores, "à balda", permanecendo depois no exterior da praça em animada cavaqueira e grandes aglomerações, como se nada se passasse e tudo fosse como dantes. Mas não é.

A pandemia ainda aí está e estará e não se pode demonstrar um tão irresponsável excesso de confiança, como tudo tivesse já terminado, como ontem aconteceu em Alcochete.

Tenho muita pena, era para voltar na próxima sexta-feira a Alcochete, mas nestas condições não irei. Não me sinto em segurança.

Fotos M. Alvarenga