sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Trincheiras sem "curiosos": há males que vêm por bem...

 

Miguel Alvarenga - Se diz o povo que há males que vêm por bem, pode-se dizer agora que as novas regras impostas em nome da prevenção do contágio desta maldita pandemia pela DGS e pela IGAC para a realização em segurança dos espectáculos tauromáquicos tiveram, pelo menos, esta positiva inovação: as trincheiras das praças estão agora vazias.

Exceptuando a tremenda e incompreensível injustiça de não permitir ali a permanência dos grupos de forcados durante a lide do toiro em que não vão intervir, obrigando-os (aconteceu isso pelo menos na primeira corrida de Lisboa, na de ontem não sei se foi igual) a estar cá fora, na rua, enquanto decorre a actuação do cavaleiro e do outro grupo (eles, forcados, que são os únicos a fazer 24 horas o teste da covid-19 e se ali estão é porque não estão infectados), exceptuando essa anomalia sem sentido que deverá ser rapidamente rectificada em nome do respeito supremo que todos devemos ter pelos últimos românticos da Festa, as trincheiras apresentam agora uma louvável "nova normalidade" que há muitos anos já deveria ter sido imposta.

Deixaram de estar entre tábuas os primos, os cunhados, os amigos dos amigos dos toureiros, os curiosos que ali procuram o protagonismo que nunca tiveram na bancada, enfim, todos os que antigamente faziam das trincheiras das nossas praças uma espécie de avenida das vaidades.

É importante que fique a lição e que mesmo que tudo volte um dia ao normal, a IGAC continue a manter este rigor no que diz respeito à permanência de estranhos num local sagrado da praça que há muito deveria ser única e exclusivamente de acesso a quem tem mesmo que estar ali.

E os repórteres fotográficos - alguns ficaram ontem no Campo Pequeno "atrás das grades" e não gostaram... -, diga-se em abono da verdade, não ficam minimamente prejudicados pelo facto de fotografarem da bancada. Qualquer bom profissional tira tão bons retratos de cima, como de baixo.

Fotos M. Alvarenga