Miguel Alvarenga - Peca por alguma infantilidade ou mesmo inexperiência (incompreensível, dada a maturidade que sempre tem evidenciado, primeiro como repórter fotográfico, depois como apoderado de toureiros e sobretudo como empresário, na impecável organização dos festejos da sua empresa "Toirolindo") o comunicado subscrito por Inácio Ramos Júnior, tentando justificar a falta de Rui Fernandes ao festival que ontem se efectuou na localidade alentejana da Granja.
1 - Inácio alega que não foi contactado e que o contrato não foi efectuado (ainda que "de boca") pela Junta de Freguesia da Granja, mas sim por um "colaborador" da mesma, cuja identidade nunca chega a revelar. No parágrafo final, em jeito de quem aprendeu a lição, afirma que a partir de agora os contratos dos seus toureiros só serão feitos por escrito e com as entidades organizadores dos espectáculos. Ou seja; reconhece que houve, na verdade, algum desleixo e muita ingenuidade na forma como tudo foi tratado. Se a organização do espectáculo pertencia à Junta de Freguesia, tem alguma lógica que o negócio fosse tratado com um "colaborador"? E sem conhecimento, pelos vistos, da Junta, dos termos acordados? Ao tratar de contratos dos seus toureiros para o Campo Pequeno, por exemplo, Inácio Ramos Júnior fala com o responsável pelos mesmos (Rui Bento) ou contenta-se em tratar do negócio com um dos porteiros... que, para todos os efeitos, será sempre um colaborador da Sociedade Campo Pequeno?
2 - Alega Inácio (e todos sabemos que é verdade) que Rui Fernandes jamais se recusou a enfrentar toiros da ganadaria Murteira Grave. Mas a verdade é que neste caso e segundo o próprio apoderado revela no seu comunciado, se recusou a lidar um novilho da mesma ganadaria, impondo a lide de um da ganadaria Passanha. A exigência e o acordo, pelos vistos, foi feita "por baixo da mesa", com o dito "colaborador", sem o conhecimento da Junta de Freguesia. Mais: Inácio Ramos Júnior não se opôs, pelos vistos, a que o público fosse enganado, permitindo que se anunciassem quatro novilhos de Grave. O de Passanha entraria em praça sem ninguém saber...
3 - É perfeitamente aceitável e compreensível a posição assumida pelo responsável da ganadaria Murteira Grave: ou lidava os seus quatro novilhos anunciados, ou não lidava nenhum.
4 - O presidente da Junta de Freguesia da Granja, Sr. Joaquim Bonito Valadas, pelos vistos, só na véspera do festival teve conhecimento, se calhar pela boca do tal "colaborador" (estaria ele mandatado pela Junta para fazer os contratos?) da exigência de Fernandes em tourear um novilho de Passanha e não um dos anunciados de Grave. O que também não tem pés nem cabeça. Havia um toiro de Passanha escondido com o rabo de fora e ninguém sabia disso a não ser Inácio, Fernandes e o misterioso "colaborador" que fechou contratos em nome da Junta, sem o conhecimento do presidente da Junta dos acordos que terá estabelecido em segredo?
5 - Houve em todo este processo um inaceitável excesso de infantilidade e de enorme falta de profissionalismo. É por estas e por outras que a Festa está como está...
Foto D.R.