Foi o “Farpas”, na
semana passada, o único a apontar claramente que o vergonhoso estado do piso da
arena do Campo Pequeno condicionou (e de que maneira!) o comportamento dos
toiros Grave na primeira corrida da temporada lisboeta. Quando já a última
edição estava impressa, veio a público este comunicado do ganadeiro Dr. Joaquim
Grave – que nos dá razão e onde o proprietário dos toiros estranha, até, que
mais ninguém tenha escrito o mesmo. Vale a pena ler.
Qualquer pessoa ou entidade que apresente
um produto num espectáculo público, tem que sujeitar-se às críticas que lhe
sejam feitas no que respeita à qualidade do mesmo. Obviamente, a ganadaria
Murteira Grave não foge a esta regra, concorde ou não com o teor das mesmas. Há
décadas que tem isso perfeitamente assumido e de outra maneira não poderia ser.
Escrevo em relação ao comportamento dos
toiros da última quinta-feira (14 de Abril) em Lisboa. Quando constato que
algum comportamento manifestado se torna comum aos 6 toiros de qualquer
corrida, interrogo-me se terá havido algum factor ambiental externo, que possa
ter afectado de forma genérica o comportamento dos toiros.
Nem todos, mas os aficionados minimamente
atentos, se deram conta do lastimável estado da arena do Campo Pequeno; não
quero alongar-me em adjectivar esta situação, mas no mínimo direi que parecia
um batatal ou uma qualquer praia da nossa costa; uma autêntica vergonha em qualquer
sítio e na primeira praça do país, imperdoável.
Não há nenhum toiro que consiga galopar num
piso daqueles; a maioria dos toiros saiu à praça com muita pata, mas ao fim de
duas galopadas pelos médios e não só, começaram a enterrar-se no imenso areal e
defenderam-se; ainda assim, não se pararam, quiseram correr, mas evidenciaram
pouca força para saírem do atoleiro.
Não vi as críticas esclarecerem o que, para
mim, se tornou claro. Alguma ou outra que aludiu ao estado do terreno, fê-lo
separando sempre o comportamento dos toiros, nunca relacionando os dois
aspectos. Dos sites que consultei, apenas uma excepção, ainda que de forma
indirecta e tibiamente.
Pelo que indaguei
a culpa não é de ninguém, depois lembrei-me que estamos em Portugal e que a
dita morre sempre solteira. Tudo bem, ou melhor, tudo mal. Quero apenas vincar
que não estou convencido que os meus toiros são todos bons, ou que nunca são
mansos, nada disso, a vida é perder e ganhar e ser ganadero é ter toiros mansos
e bravos. Continuarei a trabalhar para que a percentagem dos bravos vá sempre
aumentando, mas a partir de agora, irei zelar também para que os bravos possam
parecer bravos. Apenas isso.
Joaquim Grave
Foto João Dinis/Arquivo