A corrida de Almendralejo marcou a estreia do bandarilheiro Paco Duarte na quadrilha de João R. Telles, depois de ter abandonado o team mourista |
Experiência e raça de Rui Fernandes permitiram-lhe triunfar com o pior toiro da tarde em Almendralejo. Faltou toiro, sobrou Toureiro! Olé! |
Soberna e destacada, sem um reparo, a fantástica actuação de João Moura Caetano no sábado em Almendralejo |
Grande lide de João Moura Jr., igualmente premiado com duas orelhas |
Momentos da brilhante actuação do "novo" João Ribeiro Telles! |
Manuel Manzanares cortou uma orelha |
Atenção a Manuel Moreno, pupilo de Diego Ventura. Pode ser um "caso"! |
Miguel Alvarenga - Normalmente lidados a pé (e eleitos pelas Figuras), raramente anunciados em corridas de rejoneio (toureio equestre), os toiros da ganadaria Zalduendo proporcionaram excelente e animada tarde no último sábado em Almendralejo (Cáceres), como já ontem aqui referimos. Dois, o quarto (lidado por Telles) e o sexto (que coube ao espanhol Moreno) foram mesmo premiados com aplaudida volta ao ruedo.
Tratou-se de um festival montado pela empresa de Cutiño e Dominguez, mas apesar de o ser, os bandarilheiros envergaram o traje de luces. Não era data tradicional, o sol raiou, mas a tarde estava fria e isso terá contribuído para a escassa presença de público nas bancadas - onde se encontravam alguns portugueses. A presença de quatro cavaleiros lusos no cartel terá justificado essa presença. E ninguém saíu defraudado, antes pelo contrário. A tarde correu de feição aos representantes do nosso toureio a cavalo.
Abriu praça Rui Fernandes a quem, por azar, tocou o único toiro mau da corrida. Mansote e reservado. Valeu ter tido pela frente um toureiro com a raça, a garra, a experiência, a madurez e a entrega a que sempre nos habituou o "loirinho". Com cavalos para todas as soluções, Rui Fernandes "armou o taco" mesmo sem ter matéria-prima por diante. A actuação foi em crescendo e terminou da melhor forma com um "rejonazo" certeiro que lhe valeu duas orelhas e lhe assegurou a saída em ombros. Deixou a parada alta... mas os companheiros responderam com a mesmíssima moeda!
Seguiu-se João Moura Caetano. O triunfador da última temporada portuguesa foi a Espanha abrir a sua campanha de 2013 e demonstrar que a inicia com o mesmo ritmo com que fechara a anterior. Foi autor de uma soberba actuação, sem dúvida a mais destacada da tarde - e a única em que, para além das duas merecidas orelhas, o público pediu fortemente o rabo, não concedido pela presidência. Senhor da situação, Moura Caetano encontrou toiro em todos os terrenos, bregou com temple e arte, cravou com rigor, recriou-se nos remates, encantou tudo e todos.
João Moura Jr. entrou decidido e a jogá-las. Brilhou a lidar e a cravar, ao melhor estilo do chamado toureio mourista. Entusiasmou o conclave com as batidas ao piton contrário e os ferros de parar corações. O público levantou-se das bancadas e no final foi igualmente premiado com duas merecidas orelhas.
Corria a tarde de feição para os cavaleiros portugueses quando na arena entrou João Ribeiro Telles naquela que era a sua segunda presença deste ano em Espanha, depois de ter participado já em Janeiro na Feira de Ajalvir. Surpreendeu pela forma e pela "nova" interpretação do toureio, tudo levando a crer que temos um "novo" João Telles para a temporada de 2013. Sem "populismo", muito mais toureiro e muito mais sóbrio, recebeu e parou o toiro com impressionante calmaria e imensa classe. Esteve depois imponente nas sortes, imprimindo rigor e perfeição em tudo o que fez. Matou bem e igualou em troféus os seus compatriotas: duas merecidas orelhas.
Faltavam os dois rejoneadores espanhóis. Manuel Manzanares (pupilo de Pablo Hermoso) e Manuel Moreno (pupilo de Diego Ventura).
Manuel Manzanares começou com algum desacerto, falhando por duas vezes o primeiro rojão de castigo. Depois, recompôs-se e compôs-se e a lide decorreu de "menos a mais", evidenciando técnica e conhecimento, mas demonstrando estar ainda para o rejoneio a léguas do que seu irmão José Maria está para o toureio a pé. Cortou uma orelha.
Quanto a Manuel Moreno... alto e pára o baile, que este pode ser um caso sério! Tem a escola de Ventura e a raça dos eleitos. Especialmente nos curtos, entusiasmou com sortes desassombradas e de onde saíu "por milímetros". Podemos estar perante um futuro "caso". Tomem nota do nome. Cortou duas orelhas e acompanhou os portugueses na triunfal saída em ombros.
Merecidos aplausos para o desempenho de todos os bandarilheiros nacionais que pisaram, com dignidade e valor, a arena de Almendralejo no sábado: João Prates "Belmonte", Pedro Paulino, João Diogo Fera, Hugo Silva, Benito Moura, Nuno Oliveira, João Curto e Paco Duarte.
Fotos M. Alvarenga e Hugo Teixeira/cortesia diariotaurino.blogspot.com