Parafraseando o Rei D. Juan Carlos quando em 2007 "mandou calar" o já falecido Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela, o novo vice-presidente da Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos (APET), José Manuel Ferreira Paulo "Cachapim" (foto da direita) vem hoje a público, em declarações exclusivas ao "Farpas", pôr ordem na mesa e perguntar ao reeleito presidente da associação, Paulo Pessoa de Carvalho (foto da esquerda): "Por qué no te callas?" ("Por que não te calas?").
Nada que aqui não tivessemos ontem previsto (ler a secção "Se os outros calam... contamos nós!" aqui editada ontem, sexta-feira): "Cachapim" é um "osso duro de roer", mantém há muitos anos uma postura de seriedade e verticalidade no meio taurino e nunca mandou recados por ninguém, disse sempre na cara o que tinha a dizer, sem rodeios e sem papas na língua. A sua eleição para o cargo de vice-presidente da APET fazia prever, como ontem preconizámos, que a partir de agora haveria ordem e rigor na classe empresarial taurina. E a prova aqui está. Não passaram nem 24 horas...
"Cachapim" reagiu com estupefacção e indignação à entrevista ontem concedida por Paulo Pessoa de Carvalho, na qualidade de presidente da APET, ao site "touro e ouro" de Solange Pinto. Assim:
"Fiquei admiradíssimo quando li a entrevista... Comigo na vice-presidência, as coisas vão ter que mudar e o senhor Paulo Pessoa de Carvalho vai ter de acabar com essa postura de fazer e dizer o que muito bem lhe convém em nome da APET sem o acordo de toda a direcção. Nunca deveria ter dado essa entrevista, onde expôs posições e decisões da APET, antes da reunião da presidência, que me engloba a mim e ao senhor Ricardo Levesinho e que está marcada para a próxima terça-feira nas Caldas da Rainha".
E diz mais:
"Durante seis ou sete anos, o senhor Paulo Pessoa de Carvalho pôs e dispôs, falou quando quis e muito bem lhe apeteceu, emitiu comunicados e deu entrevistas na qualidade de presidente da APET. Isso agora vai ter que acabar e as posições públicas da APET vão passar a traduzir o pensamento e a decisão de toda a direcção e não apenas dele próprio".
Polémico e frontal, como sempre, José Manuel Ferreira Paulo "Cachapim" põe ordem na mesa e diz ainda:
"Não fui eleito vice-presidente da APET para ser apenas um fantoche e para continuar a ser o senhor Paulo Pessoa de Carvalho a pôr e dispor como muito bem entender. Disse, por exemplo, na referida entrevista, que a nova direcção 'tem que ser oleada'... ele que ponha óleo onde quiser, mas em mim não põe de certeza. As coisas, para andarem, vão passar a andar direitinhas!".
O empresário eborense esclarece ainda que a sua entrada para a vice-presidência da APET não foi, como Pessoa de Carvalho deu a entender na entrevista, "uma coisa que surgiu repentinamente na última assembleia-geral do passado dia 8". E informa: "A lista começou a ser delineada depois da anterior assembleia, no final do ano, quando não apareceu ninguém a candidatar-se. Os nomes estavam escolhidos há dois meses, não apareci de repente na última assembleia-geral a candidatar-me, nem vim substituir ninguém, nunca fui 'sobrero' na minha vida!".
"Cachapim" minimiza, contudo, esta sua posição e garante que ela "não vai abrir nenhuma brecha na presidência da APET".
"O que aqui estou a dizer, vou dizer cara a cara ao senhor Paulo Pessoa de Carvalho na reunião da direcção que vamos ter na próxima terça-feira nas Caldas da Rainha. Não vai haver divisões, nem confrontos e muito menos mal entendidos na APET. O que é preciso é haver ordem e consenso, apenas isso...", promete, a terminar.
Fotos D.R. e Emílio de Jesus