A última grande pega de José Maria Cortes no Campo Pequeno, em Junho do ano passado, dois dias antes dos incidentes em Alcácer do Sal |
Sandro Pato, de 20 anos, residente em Setúbal e sem antecedentes criminais, disse ontem em tribunal "não se lembrar de ter atingido alguém", segundo a agência Lusa, que acompanha no Tribunal de Alcácer do Sal o julgamento do presumível autor da morte de José Maria Cortes, cabo dos Forcados de Montemor, esfaqueado no coração durante uma rixa em Alcácer em 23 de Junho do ano passado e que viria a falecer quatro dias depois no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
O arguido admitiu "ter agarrado numa faca que estava no chão" e que terá usado para "tentar afastar os homens que o agrediam", mas garantiu "não se ter apercebido de que a arma tivesse atingido alguém ou que outra pessoa a tivesse usado".
Sandro Pato disse ao colectivo de juízes que na noite do incidente estava na Feira Pimel em Alcácer acompanhado pela namorada e mais quatro amigos, quando "dois homens os começaram a ofender e a prometer porrada por eles estarem a gritar pelo clube de futebol Vitória de Setúbal". Ainda segundo a Lusa, o arguido acrescentou que "tentou acalmar a situação, mas acabou envolvido no desacato e, durante pelo menos 45 minutos, terá sido agredido por mais de oito pessoas, nomeadamente com pontapés na cabeça, não conseguindo fugir".
Sandro Pato disse ainda que se dirigiu depois s dois militares da GNR, que o conduziram a uma viatura e o levaram para o posto de Alcácer do Sal, onde foi identificado. Só em Julho viria a ser detido pela Polícia Judiciária e formalmente acusado pelo Ministério Púbico. O arguido argumentou ainda que "só três ou quatro dias depois" veio a saber pela Imprensa que "alguém tinha sido atingido pela arma branca".
José Maria Cortes foi socorrido no posto médico local e transportado depois para o Hospital de Santiago do Cacém, de onde viria a ser transferido para Santa Maria, em Lisboa, onde acabou por falecer a 27 de Junho, com 29 anos de idade.
As autoridades afastaram, à partida, qualquer relacionamento entre este caso e outro em que estivera envolvido José Maria Cortes em 2009, quando chegou a ser vítima de ameaças de morte por parte de um gang brasileiro, na sequência de uma zaragata ocorrida depois de uma tourada em Évora e que envolveu forcados do Grupo de Montemor e dois seguranças brasileiros de uma discoteca da cidade-museu. Houve, na altura da morte de Cortes, quem alvitrasse a possibilidade de o incidente de Alcácer ter sido "um ajuste de contas", mas a Polícia Judiciária afastou por completo essa hipótese e não encontrou quaisquer ligações entre os dois casos.
Ontem foi também ouvido em Tribunal o forcado Francisco Borges, igualmente vítima de facadas durante a rixa em Alcácer e o julgamento prossegue neste momento.
Fotos Emílio de Jesus e D.R.