Ao tempo ainda não havia parque de estacionamento debaixo da praça... Na foto de baixo, à direita, Alfredo Tinoco, o cavaleiro que inaugurou o Campo Pequeno |
A praça de toiros do Campo Pequeno, a
mais emblemática de Portugal e uma das mais respeitadas a nível mundial,
completou ontem, 18 de Agosto, 122 anos de glória, cultura e tradição,
apresentando-se desde 2006, como um espaço de lazer adaptado às exigências do
século XXI.
O historial do Campo Pequeno confunde-se
com o historial da tauromaquia mundial ao longo destes anos.
A actual praça de toiros do Campo
Pequeno sucedeu à que existiu no Campo de Santana, inaugurada a 3 de Julho de
1831 e encerrada em 1888, na sequência de uma vistoria que interditou o
edifício, por questões de segurança relacionadas com o mau estado de
conservação.
A 19 de Fevereiro de 1889, a Câmara
Municipal de Lisboa aprovou uma proposta para conceder à Casa Pia, instituição
que ainda hoje detém a exclusividade da organização de corridas de toiros em
Lisboa, um terreno para a construção de uma nova praça de toiros, no Campo
Pequeno.
Por dificuldades económicas, a Casa Pia
cedeu a uma empresa privada o direito de construção do recinto e o da sua
exploração por 90 anos, findos os quais o edifício lhe deveria ser entregue,
livre de quaisquer ónus ou encargos. Para o efeito constituiu-se a Empreza
Tauromachica Lisbonense.
O custo da praça orçou em 161 200$000
réis, pagos pelos accionistas da ETL, que ficaram com o direito de propriedade
e da organização de corridas pelo período referido, na condição de pagarem à
Casa Pia uma renda anual de 3500$000 réis.
O edifício, cujo projecto é da autoria
do Arquitecto António José Dias da Silva, constitui uma das principais
construções e estilo néo-árabe existentes em Portugal.
Entre 2000 e 2006, a praça e espaços
envolventes foram objecto de obras de restauro e, das quais a mais importante e
grandiosa foi a cobertura do edifico, uma estrutura mista, com parte móvel e
parte fixa, que permite a utilização do recinto independentemente das condições
atmosféricas.
Há 122 anos, o primeiro toiro de Emílio
Infante da Câmara saiu à arena. A sua lide coube ao cavaleiro Alfredo Tinoco o
qual, a par do seu alternante dessa tarde, Fernando de Oliveira (que uns anos
mais tarde viria a ser o primeiro cavaleiro a morrer na arena da praça, vítima
de colhida), disputava o primeiro lugar no naipe dos mais importantes ginetes
do século XIX. Para a história, recorda-se o cartaz inaugura (ao lado): Cavaleiros:
Alfredo Tinoco e Fernando de Oliveira. Bandarilheiros: Vicente Roberto, Roberto
da Fonseca, José Peixinho, João Calabaça, João Roberto e os seus colegas espanhóis
Felipe Aragón "Minuto" e "Pescadero". Pegou um grupo de forcados dos Riachos.
De então para cá, passaram pelo Campo
Pequeno todas as maiores figuras mundiais do toureio, viveram-se momentos de
triunfo, glória e tragédia, enfim tudo o que constitui o sortilégio da Festa de
toiros.
Fotos D.R.