terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Mestre Núncio morreu - ou mataram-no - há 39 anos

Fotografado por Alberto Figueiredo no Campo Pequeno na
tarde de 27 de Maio de 1973, quando comemorou 50 anos de
alternativa, aqui com Luis Miguel da Veiga, José Tello Barradas
(um dos maiores nuncistas de que há memória) e Ludovino Bacatum
Mestre João Núncio marcou uma época


Mestre João Branco Núncio tinha 74 anos e preparava-se para regressar às arenas para voltar a comer o pão que a "Revolução de Abril" lhe roubara, quando um ataque cardíaco o matou em 26 de Janeiro de 1976 - cumpriram-se ontem 39 anos.
Nascido em Alcácer do Sal a 15 de Fevereiro de 1901, o maior toureiro a cavalo da nossa História morreu na Golegã, onde se refugiara em casa de seu cunhado, Patrício Cecílio (o mestre dos toureiros a pé), depois de lhe terem ocupado as terras e a própria casa na sua Alcácer natal. O Mestre preparava-se de novo para a luta - e anunciara que ia regressar às arenas. Toureara pela última vez a 21 de Outubro de 1973 na praça "Palha Blanco", em Vila Franca, nesse mesmo ano em que no Campo Pequeno, a 27 de Maio, comemorara os seus 50 anos de alternativa com a praça cheia.
João Alves Branco Núncio estreou-se com apenas 13 anos de idade na antiga praça de Évora e tomou a alternativa no Campo Pequeno a 27 de Maio de 1923, apadrinhado por António Luis Lopes. Com Simão da Veiga, formou a mais célebre parelha de cavaleiros competidores. Em toda a sua brilhante carreira, toureou mais de 2.000 toiros em mais de 1.000 corridas e montou cerca de 60 cavalos. Foi ainda o primeiro cavaleiro português a actuar em Espanha e em França, estoqueando toiros a cavalo.
Como reza o fado que Maria Manuel Cid lhe dedicou (à esquerda), "não foi um homem qualquer, foi mais um homem diferente".

Fotos D.R./Arquivo