Pela sua pertinência e pelo interesse jornalístico que acarreta, reproduzimos, com a devida vénia, o texto dado à estampa por João Cortesão (à direita, na foto ao lado, com Manuel Lamas, José Zúquete e Ana de Alvarenga) no blog "sortes de gaiola", a propósito da despropositada intervenção do toureiro Pedrito de Portugal (foto de cima), anteontem, no Campo Pequeno, durante a apresentação dos primeiros grandes cartéis da temporada:
Segundo o nosso representante ali
presente, a apresentação dos cartéis decorreu com a pompa e circunstância
relativa à categoria dos mesmos.
Foi explicado que os cavaleiros Vitor
Ribeiro, Jacobo Botero, João Maria Branco e João Salgueiro da Costa não tomam
parte nesta primeira fase da temporada, por desacordo quanto a condições
contractuais, o que é natural e acontece em todas as praças de toiros do mundo
(vidé o caso recente de Morante em Sevilha).
Houve no entanto outra situação, que
deixou perplexos todos os presentes.
O matador Pedrito de Portugal contestou
o facto de não ter sido contratado, numa atitude bizarra que nunca ninguém
tinha visto, ainda por cima dizendo que no Campo Pequeno não alterna com
portugueses.
Todos conhecem o valor que teve este
toureiro, mas também todos sabem que não é fácil a relação deste com as
empresas e não só. Lembram-se de quando ele se atravessou na frente do matador
Gallo, quando este dava a volta à arena, a pedir para tourear o sobrero?
Lembram-se da história dos picadores anunciados, sabendo que a lei não o
permitia? Lembram-se da confusão que gerava as trocas de toiros por si impostas
? Tudo isto é reflexo de uma certa maneira de estar que em nada ajudou a sua
imagem.
Ir ali, naquele dia e naquela
circunstância reivindicar um lugar, não é lógico, faz lembrar aqueles que vão
pedir emprego à porta dum putativo empregador.
Quanto ao amigo do matador, director da
maior casa de espectáculos do país, que se manifestou do mesmo modo, pergunto:
será que gostaria de ser confrontado com uma situação destas quando apresenta
os seus espectáculos?
Para terminar, lembro que toureio é
arte, e não me lembro de um pintor, um músico, um escritor ou um actor,
reivindicar desta maneira um lugar a que julga ter direito.
Fotos Emílio de Jesus e M. Alvarenga