Miguel Alvarenga - Uma semana depois de ter feito a prova de praticante em Évora, o jovem cavaleiro António Prates marcou ontem a diferença - e que diferença! - e sagrou-se máximo e indiscutível triunfador do Festival da Juventude Aficionada, ontem em Alcochete, um festejo organizado pelo nono ano consecutivo pelo Grupo de Forcados Amadores de Alcochete, integrado no seu 45º aniversário e que voltou a ser um sucesso, arrastando muito público às bancadas da praça ribeirinha.
Muito bem montado, com plena noção de lide e a saber o que faz, António Prates (filho do também cavaleiro tauromáquico José Prates), que brindou a José Palha, lidou um belíssimo toiro (4 anos) da ganadaria de António Charrua, motivando no final a chamada à arena do maioral. O jovem cavaleiro emocionou o público com sortes ousadas e terminou com dois "quiebros" de arrepiar em terrenos de grande compromisso, que puseram todos de pé, em alvoroço, a aplaudir.
A partir de agora a tourear de casaca e tricórnio, oxalá as grandes empresas olhem de frente para este António Prates. Pode ontem ter nascido em Alcochete o ídolo que que andamos há anos à espera!
E quando aqui escrevemos que Prates marcou a diferença, podemos assegurar que o fez mesmo, numa noite em que os restantes intervenientes, à excepção da frenética Cláudia Almeida (jovem cavaleira muito feita às turísticas touradas de Albufeira, onde toureia muito, tendo a maior facilidade em galvanizar o público, como ontem aconteceu, cravando mesmo um arrojado par de bandarilhas a rematar uma lide diversificada e que foi do agrado do conclave), se limitaram a estar... sem nada conseguir mostrar.
Verónica Cabaço já cá anda há uns bons anos, com períodos de estar e não estar, tem alguma experiência, mas não está minimamente rodada, nem montada, ontem quis, mas não pôde; os irmãos Núncio passaram por Alcochete sem pena nem glória (António substitiui o anunciado Francisco Parreira, a contas com uma depressão, e foi o que mais se destacou, sobretudo na ferragem curta, mas sem ter impacto; e Francisco demonstrou estar ainda demasiado verde para aventuras destas); e Ricardo Cravidão, a contas com um exemplar de Pinto Barreiros complicado, em circunstâncias normais teria chumbado na prova de praticante, mas é provável que o tenham passado, não sei (esteve longe do seu melhor... e já o vimos muito bem)...
Enfim, se era um Festival de Juventude e por norma a juventude deve ser e ter futuro, ontem em Alcochete o futuro chamou-se só António Prates. Os outros...
O Grupo de Forcados de Alcochete, tendo saído António José Cardoso a cabo, apresentou novos elementos e teve uma noite airosa. O primeiro novilho (de boa nota), de Paulo Caetano, foi pegado à terceire por Pedro Oliveira; o segundo, duro, de Canas Vigouroux, proporcionou à segunda uma grande pega a João Belmonte; o terceiro, de Palha (complicado, que substituiu o de Branco Núncio, por este se ter inutilizado), foi bem pegado à segunda por Francisco Miguel; o quarto (muito bom), de Charrua, foi lidado por Prates desembolado, por ser defeituoso de córnea e foi bem pegado de cernelha por Gonçalo Catalão e José Miguel Tacão; Vitor Marques executou brilhante pega, à segunda, ao quinto, o novilho-toiro de Cunhal Patrício; e a última pega, ao exemplar de Pinto Barreiros, foi consumada à segunda por Pedro Beltrão.
O espectáculo, com mais de meia casa, foi bem dirigido por Tiago Tavares. Ao início, foi guardado um minuto de silêncio em memória do matador espanhol Victor Barrio, vítima de cornad
Amanhã não perca a grande fotoreportagem de Emílio de Jesus.
Fotos Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com