Na tua cabeça programas as jornadas de trabalho, os exercícios de treino e os cavalos que vais montar nesta ou naquela manhã ou em qualquer dia do ano e tudo o programado pode vir abaixo quando recebes uma chamada ou um wapshap, uma "maldita" chamada ou um "maldito" wapshap que te rompe a alma com uma notícia como a desta manhã. "Morreu Luc Jalabert".
E estás a milhares de quilómetros de distância e sentes-te impotente e enche-te a cabeça de momentos vividos junto a ele e que já são memória histórica. Aquela primeira noite em Mont de Marsan, eu um ignorante principiante, ele empresário e então apoderado de seu querido Ginés, com quem certamente se encontrará agora. Momentos na Camarga, nesse Mejanes que, mais que Paul Ricard, os taurinos o consideram seu, o senhorio desse último paseíllo em Lisboa e sobretudo essas conversas nas trincheiras de Arles ou de Mejanes, onde entre toiro e toiro a sua enciclopédia taurina se abria e nunca deixavas de aprender coisas com ele.
A ditância faz com que não possas estar com os seus entes queridos, com seu irmão Marc, com o seu inseparável Alain Lartigue ou naturalmente com os seus familiares, especialmente com Juan Bautista. É curioso, mas agora que recordo estes nomes, dou-me conta da qualidade humana de Luc, da qual não tinha dúvidas, mas igualmente da qualidade humana de toda a gente de que sempre se rodeou. Seguramente, esse é o seu maior legado.
Descansa em paz, Luc, aqui te vamos recordar e sentir a tua falta por muito tempo, seguramente para sempre e tu desde o céu seguirás enviando-nos mensagens de sabedoria e sobretudo de amizade.
- Pablo Hermoso de Mendoza
Fotos D.R.