Na Monumental de Madrid, o beijo ternurento a seu filho Juan Bautista, antes do início de uma corrida Foto las-ventas.com |
Com seu filho, o matador Juan Bautista, na noite do regresso a Lisboa |
Entrevistado por José Cáceres em 2015 no Campo Pequeno |
O programa da sua alternativa no Campo Pequeno em Setembro de 1980 |
Depois da alternativa no Campo Pequeno em 1980, Luc Jalabert jamais deixou de honrar as tradições do toureio à portuguesa, actuando sempre de casaca |
Luc Jalabert em 1983 à porta da praça francesa de Mejanes com Miguel Alvarenga e o empresário Manuel Gonçalves; e, em baixo, em Julho desse mesmo ano, no dia da sua estreia na Monumental de Madrid |
Uma vida intensa e apaixonada dedicada à Festa Brava - Luc Jalabert, o primeiro francês que recebeu em Portugal a alternativa de cavaleiro tauromáquico (4 de Setembro de 1989 no Campo Pequeno, apadrinhado por José Mestre Batista), morreu esta madrugada em Arles (França), aos 66 anos, vítima de doença prolongada.
Foi ainda destacado empresário, gerindo várias praças em França, como as de Arles (hoje liderada por sua filha Lola) e Mejanes e também ganadeiro e apoderado de vários toureiros, entre os quais o também já falecido rejoneador espanhol Ginés Cartagena e o português João Salgueiro, que apoderou em parceria com o seu sócio Alain Lartigue. Era pai do matador de toiros Juan Bautista.
Nascido em Arles a 27 de Agosto de 1951, Luc Jalabert iniciou-se como cavaleiro nos anos 70, tendo recebido a alternativa a 14 de Julho de 1978 em Mejanes, apadrinhado por Álvaro Domecq, com o testemunho dos também rejoneadores espanhóis António Ignacio Vargas e Manuel Vidrié e dos franceses Jacques Bonnier e Gerard Pellén.
Dois anos mais tarde, a 4 de Setembro de 1980, trazido pela mão do também saudoso empresário Manuel Gonçalves, de quem fora sócio durante alguns anos em praças de toiros francesas, tomou a alternativa de cavaleiro tauromáquico, sendo o primeiro francês a actuar de casaca e tricórnio, na praça do Campo Pequeno. O padrinho foi Mestre Batista e testemunharam o acto os matadores Francisco Ruiz Miguel (espanhol) e Vitor Mendes e os Forcados Amadores de Lisboa, então comandados por Nuno Salvação Barreto, lidando-se toiros da ganadaria Grave. Manuel Gonçalves, que geria nesse ano pela primeira vez a praça do Campo Pequeno, depois de muitos anos de actividade empresarial em Moçambique e, depois do regresso a Portugal, também em França, baptizou a corrida como das "três nações".
Nos anos seguintes, Luc Jalabert toureou em mais praças portugueses, entre as quais as de Vila Franca e Nazaré e foi também repetido em Lisboa.
A 14 de Agosto de 1983 apresentou-se em Madrid na Monumental de las Ventas e três anos depois, a 14 de Julho de 1986, ganhou em Mejanes (França) o prestigiado troféu "Rojão de Ouro", depois de uma lide memorável a um toiro da ganadaria portuguesa do Dr. Ortigão Costa, numa tarde em que alternava com os espanhóis Ángel Peralta, Manuel Vidrié e Javier Buendia, o português Manuel Jorge de Oliveira e o seu conterrâneo Gerard Pellén.
Luc Jalabert toureou até meados dos anos 90, passando depois a dedicar-se à actividade empresarial e gerindo desde 1990 a praça de Arles, um antigo Coliseu Romano.
A 9 de Julho de 2015 esteve pela última vez na arena do Campo Pequeno, novamente vestindo a casaca, para participar nas cortesias, ao lado de Luis Miguel da Veiga, Joaquim Bastinhas e Rui Salvador e dos matadores Juan Bautista (seu filho) e Juan del Álamo numa noite em que se homenageou a memória de José Mestre Batista no 30º aniversário da sua morte.
Que em paz descanse.
Fotos Emílio de Jesus e D.R.