segunda-feira, 25 de junho de 2018

Rui Bento recebeu a alternativa há 30 anos em Badajoz: Parabéns, Maestro!

Há exactamente trinta anos a Monumental de Badajoz encheu-se
para apoiar o novo matador de Portugal. Rui Bento foi apadrinhado
por Manzanares com o testemunho de Pavo Ojeda
Na tarde da alternativa, ladeado por Manzanares e Ojeda. Em baixo, comigo,
fotografados por Carvalho Dias na praça das Caldas da Rainha

Miguel Alvarenga - Rui Bento, que nos cartéis se anunciava com o apelido Vásquez, recebeu a alternaiva na Monumental de Badajoz há exactamente 30 anos, na tarde (de muito calor!) de 25 de Junho de 1988. Desloquei-me nesse dia de moto à cidade fronteiriça e cheguei ao Hotel Rio no preciso momento em que o Rui descia as escadas rumo à viatura que o havia de levar à praça. A tempo, ainda, de o abraçar.
Era um jovem toureiro cheio de ambição e de ilusão e as suas faculdades, inclusivé com as bandarilhas, faziam muitos aficionados antever que Vitor Mendes tinha um seguidor e Portugal um novo ídolo nas arenas de Espanha.
Anos antes, vencera juntamente com José Luis Gonçalves o concurso "À Procura de Novos Toureiros" promovido no Campo Pequeno por Maurício do Vale e pelo então empresário da primeira praça do país Manuel Jorge Diez dos Santos, filho do saudoso Manuel dos Santos.
Cumprira uma brilhante campanha como novilheiro e sediara-se em Salamanca, Espanha, pronto a dar o passo em frente. A Monumental de Badajoz estava cheia nessa tarde e eram imensos os portugueses que ali marcavam presença para apoiar o nosso novo matador.
Lidaram-se toiros duros e sérios da ganadaria do Marquês de Albayda. O saudoso Manzanares foi o padrinho da alternativa e a testemunha foi Paco Ojeda.
Apesar de azarado com a espada, não rematando com o sucesso que esperava uma faena de muito valor, Rui Bento deu aplaudida volta à arena no toiro da alternativa, sendo depois ovacionado no segundo. Manzanares escutou bronca no seu primeiro toiro e foi silenciado no segundo. Ojeda teve silêncio na primeira lide e cortou as orelhas ao seu segundo toiro, saindo em ombros.
Pese embora não ter cortado orelhas, o saldo da tarde de alternativa de Rui Bento foi altamemnte positivo e a crítica espanhola teceu-lhe rasgados elogios.
Uma grave cornada em Orthez, França, um mês depois desta corrida, obrigou Rui Bento a parar dois anos e depois, apesar de uma carreira digna e de um tremendo valor e entrega, com triunfos em praças de Portugal, de Espanha e de França, o azar voltou a bater-lhe à porta quando no Campo Pequeno sofreu mais uma grave cornada que o obrigou de novo a mais uma paragem.
Rui Bento acabou por retirar-as das arenas no ano 2000 em Salamanca, sua terra adoptiva, enveredando a seguir por uma notável carreira no campo dos apoderamentos, como um dos pilares da empresa Chopera em Espanha. Desde a reabertura do Campo Pequeno, é o gestor taurino da praça. Primeiro com os irmãos Borges, depois com a Drª Paula Resende, fez um trabalho fantástico, elevando a primeira praça de Portugal aos mais altos patamares a nível mundial.
No 30º aniversário da sua alternativa, resta-me felicitar o Rui, abraçá-lo e, uma vez mais, tirar o chapéu à sua brilhante trajectória no mundo dos toiros. Exemplar a todos os títulos.

Fotos D.R. e Henrique de Carvalho Dias



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