A bombástica manchete do semanário "Sol" de ontem pode atrasar todo o processo em curso para a venda da concessão do Campo Pequeno e prolongar, para bem dos aficionados, a gestão da Drª Paula Resende e de Rui Bento. Contamos porquê
Não terá sido por mero acaso que a bombástica reportagem/investigação do jornal "Sol" sobre eventuais ilegalidades e até mesmo a responsabilidade de Armando Vara em todo o processo de falência do projecto Campo Pequeno, denunciadas pela família Borges, accionista da sociedade que remodelou a praça de toiros e acabou por ser afastada na sequência dessa "tentativa de golpe" do ex-ministro de Sócrates que está a um passo da prisão, veio ontem a lume, exactamente num momento em que decorrem com a administradora da insolvência, Drª Paula Mattamouros Resende, as negociações para venda da concessão - que poderiam estar efectivadas já no próximo mês de Janeiro.
São quatro os potenciais candidatos à compra da concessão da exploração do Campo Pequeno (praça de toiros, centro comercial e parque de estacionamento), todos eles portugueses, mas a existência de processos a decorrer no Ministério Público e no Tribunal de Contas, interpostos pela família Borges, pode agora travar as negociações e prolongar a gestão até aqui desenvolvida (e bem) por Paula Resende e Rui Bento.
Os Drs. João Borges e Henrique Borges (nas fotos ao lado), antigos administradores da sociedade em que pontifica também seu pai, o Dr. Henrique Borges, alegam irregularidades e culpam o ex-ministro Armando Vara em todo o processo que levou à falência do projecto e reclamam o regresso à gestão da praça de toiros.
Estes processos, a decorrer na Procuradoria-Geral da República e no Tribunal de Contas, podem agora fazer recuar os potenciais compradores do Campo Pequeno, uma vez que, diz-nos fonte ligada ao caso, "não está claro neste momento a quem pertence de facto a concessão da praça e quem a comprar pode a seguir debater-se com um complicado e exaustivo processo que pode eventualmente culminar com o regresso da família Borges à gestão da praça de toiros".
Isto é, "quem comprar pode depois enfrentar um complicadíssimo processo, caso a PGR e o Tribunal de Contas venham a dar razão à família Borges e esta vier reclamar a propriedade da concessão".
"É óbvio que esta publicação ontem do jornal 'Sol' teve intuitos e objectivos bem delineados, não foi por acaso que surgiu neste preciso momento em que existem negociações com eventuais compradores", acrescenta a nossa fonte.
Em termos taurinos, seja ou não vendida a concessão do Campo Pequeno, pelo menos a próxima temporada, pelos compromissos já assumidos, vai ainda decorrer sob a batuta da Drª Paula Resende e de Rui Bento e os cartéis, como ontem noticiámos, em número menor (oito ou dez) ao de épocas anteriores, vão ser apresentados já em Fevereiro, estando agendada a corrida de abertura da época para a primeira ou segunda quinta-feira de Abril, antes da Páscoa.
A maior incógnita, caso se registe a venda da concessão, é a temporada de 2020 e as que se seguem. Quem comprar a concessão do Campo Pequeno (a praça é propriedade da Casa Pia, como se sabe), vai ter obrigatoriedade de realizar corridas de toiros - mas, ao que sabemos, em número muito drasticamente reduzido - e pode ou não manter a actual equipa que tem organizado as corridas de toiros.
Aguarde-se. Muitas novidades podem vir a caminho...
Fotos Emílio de Jesus