segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Muito cimento à vista ontem em Coruche...



Miguel Alvarenga - Não estive em Coruche ontem, estava em Zafra, mas não era assim muito difícil adivinhar o preocupante resultado de cerca de um quarto de entrada na corrida (bem) montada pela empresa Toiros com Arte, mas que apesar ser bem montada, em recta final de temporada, não trazia nada de novo nem nenhum chamariz de muito interesse para os aficionados.



Não resultou, mas era alta a qualidade do cartel, muito embora igual a muitos, mas bom: Manuel Telles Bastos é o clássico da nova geração de cavaleiros nacionais, um toureiro que dá sempre gosto ver pela sua classe, pelo seu bom gosto, pelo seu tourear à maneira antiga; Francisco Palha é um dos "furacões" do momento e ontem, dizem-me e leio na crónica da Solange, alcançou um triunfo importante em vésperas de outra grande corrida em que vai participar, já no próximo domingo, na vilafranquense "Palha Blanco"; e António Telles filho já não é apenas "o filho de António Telles", está a seguir o seu caminho próprio e com um valor tremendo, já com seguidores fiéis.

Pegavam os forcados de Vila Franca e de Coruche e anunciava-se um desafio ganadero com três toiros de Dr. António Silva e outros três de Canas Vigouroux.

Lembra a Solange - e bem - que Coruche tem uma data, 17 de Agosto, e que todas as outras datas têm que ser cuidadosamente mimadas para atrair público às bancadas. É verdade, sim senhor, mas no ano passado os mesmos empresários mimaram Coruche com a presença de "El Juli", em ano de despedida (lembram-se?) e o público mandou-os dar uma volta ao bilhar grande, não encheu a praça...

Hoje em dia há pouca matéria prima para inventar cartéis e corridas diferentes. Os toureiros são sempre os mesmos e, mais grave que isso, não temos uma única figura de proa, como tivemos Moura e Pedrito no passado, com força de bilheteira para arrastar público às praças.

Hoje monta-se uma corrida como se joga no Totobola ou no Totoloto, ou seja, arriscando sempre algumas noites sem dormir a pensar na incógnita que aí vem...

E depois, com esta agravante: temos um público estranhíssimo. Ricardo Levesinho montou na Moita aquela que podemos considerar a corrida mais interessante, ou pelo menos uma das mais interessante, que se podiam montar, com os dois mais destacados cavaleiros do momento, Moura Jr. e João Telles, e com Duarte Fernandes, a maior novidade da actualidade, na data mais forte da feira, a de quinta-feira - e foi a noite que menos gente teve nas bancadas da praça da Moita na sua feira. Entende-se?...

Enfim, isto aqui é preso por ter cão e preso por o não ter e vai sempre dar tudo ao mesmo...

Coruche não é uma praça dos Telles? Ontem estavam lá dois e um primo - e ninguém os foi ver... Entende-se?

Diz quem lá foi que estiveram os três bem, que Palha foi o mais destacado e que os toiros das duas ganadarias sairam bem; que os forcados de Vila Franca e Coruche cumpriram o seu sempre muito apreciado papel sem problemas de maior, cabendo o maios triunfo aos da casa com três pegas à primeira.

Por Vila Franca pegaram Rodrigo Andrade (à terceira), André Câncio (à terceira também, na sua segunda intervenção a dobrar uma outra de Vasco Carvalho) e o cabo Vasco Pereira à primeira.

Por Coruche foram caras João Formigo, João Mesquita e Frederico Pinto, os três ao primeiro intento.

A corrida foi nem dirigida por Manuel Gama, assessorado pelo médico veterinário José Luis da Cruz.

Os novos empresários Samuel Silva e Jorge Dias têm agora pela frente os meses do defeso para repensar estratégias e emendar alguns erros cometidos. Coruche e a sua Monumental precisam de outra dinâmica.

Fotos Câmara Municipal de Coruche/Facebook