 |
| O primeiro-ministro António Costa tem hoje uma postura diferente face ao espectáculo tauromáquico... para não perder o apoio do PAN. Mas em tempos vimo-lo no Campo Pequeno a aplaudir com entusiasmo... |
 |
| Tão cedo não vamos ver praças cheias como esta. Em baixo, os forcados, o maior grupo de risco do espectáculo tauromáquico. Pergunta a escritora Margarida Oliveira, mãe de um jovem forcado: "Continuam a 'poder' estar uns em cima dos outros, na pega? Que sentido é que isto faz?" |
Esperava-se que o Governo anunciasse ontem a reabertura das praças de toiros, mas uma vez mais ficámos sem resposta e sem saber ainda quando vai ser e como vai ser
Questionada na última semana pela deputada centrista Ana Rita Bessa sobre quando se retomaria a actividade tauromáquica, a ministra da Cultura Graça Fonseca esclareceu que "as regras que vierem a ser definidas para salas, quer ao ar livre, quer em recintos fechados ou semi-fechados aplicam-se a todos os espectáculos de natureza artística. Não haverá diferenciação de regras. Se vier a ser definido que tem de ficar uma fila de separação entre duas filas ocupadas, esta regra aplicar-se-à a qualquer recinto de espectáculo e naturalmente também se aplicará aos espectáculos que a senhora deputada referiu. As regras são gerais e transversais".
E acrescentou:
"Não vou dar uma resposta à senhora deputada, se é a 1 de Junho ou 15 de Junho. Será aprovado esta semana e será em função desse plano de desconfiamento que se aplicará a todas as actividades culturais".
"Esta semana" era a semana que passou e esperava-se que até ontem o Ministério da Cultura anunciasse as regras que vão pontuar nos "novos espectáculos", entre os quais os tauromáquicos, que está previsto se voltem a efectuar durante o próximo mês de Junho. Mas nada foi ainda dito sobre a reabertura dos recintos de espectáculos, onde, como Graça Fonseca referiu, se incluem as praças de toiros.
Fala-se na obrigatoriedade de um distanciamento entre espectadores de vinte metros quadrados, o dobro do que foi estipulado na vizinha Espanha, o que, para a esmagadora maioria dos empresários tauromáquicos é considerado "exagerado" e pode mesmo "inviabilizar a rentabilidade do negócio". Há, por exemplo, praças de toiros que passam a poder vender apenas 700 bilhetes e outras menos, o que "torna impossível levar a efeito uma corrida".
Amanhã, sexta-feira, no programa "Em Casa Com..." do site "Tauronews" (no Facebook e no YouTube) o tema vai estar em debate com as participações de quatro credenciados promotores de corridas, José Luis Gomes, Luis Miguel Pombeiro, José Manuel Ferreira Paulo e Ricardo Levesinho.
Entretanto, nas redes sociais, há já várias opiniões de conhecidos aficionados sobre as eventuais medidas - ainda oficialmente desconhecidas - que ditarão as regras nas "novas" corridas de toiros.
Manuel Andrade Guerra, jornalista, presidente emérito da Real Tertúlia Tauromáquica D. Miguel I e antigo crítico tauromáquico, afirma que "o problema maior não é a reabertura, mas as medidas discricionárias que vão ser impostas por um governo anti-taurino".
Miguel Côrte-Real questiona: "Medidas diferentes para as manifestações da CGTP? Na Festa do Avante também irá vigorar a regra dos 20 metros quadrados?".
João Ramos coloca também uma questão pertinente: "Se as máscaras funcionam, porque o afastamento? Nos hospitais, os médicos e os enfermeiros não tratam os doentes à distância".
E a escritora Margarida Oliveira, mãe de um forcado, pergunta: "E os forcados continuam a 'poder' estar uns em cima dos outros, na pega?... Que sentido é que isto faz?".
Fotos D.R., Emílio de Jesus/Arquivo e M. Alvarenga