segunda-feira, 22 de junho de 2020

Obrigatoriedade de uma fila não ocupada reduz drasticamente a lotação das praças e deixa empresários à beira de um ataque de nervos



As normas emanadas hoje conjuntamente pela IGAC e a DGS para a realização de touradas obrigam a que exista uma fila de intervalo na bancada, o que reduz substancialmente para um quarto ou mesmo um terço a lotação das praças, quando estava previsto, e até anunciado, que poderiam ter uma utilização de 50%. Empresários estão à beira de um ataque de nervos e interpretam esta norma como "um erro" que deverá ser corrigido. Aficionados consideram que "é mais uma rasteira" discriminatória para o sector

Depois de no passado dia 11 a Direcção-Geral de Saúde ter dado a conhecer o Guia de Recomendações para a reabertura das praças de toiros sem referir que tinha que ficar uma fila de intervalo livre entre os lugares de bancada, as orientações hoje divulgadas conjuntamnete pela DGS e a Inspecção-Geral de Actividades Culturais (IGAC) vêm dar o dito por não dito e obrigam (ponto 26, ao lado) a que fique uma fila de intervalo (não ocupada) entre os espectadores, isto é, que sejam ocupadas fila sim, fila não, o que reduz substancialmente para um quarto ou um terço a utilização das lotações das praças e torna "inviável" a organização de espectáculos, segundo os empresários.
No Guia de Recomendações apresentado no passado dia 11 pela DGS, estipulava-se que "a ocupação dos lugares sentados deve ser efetuada com um lugar livre entre espectadores que não sejam coabitantes, sendo a fila anterior e seguinte com ocupação de lugares desencontrados", o que, na leitura dos empresários, significava que se poderia utilizar praticamente 50% da lotação de cada praça já nesta fase inicial.
Agora, no documento hoje divulgado, estabelece-se que "deve ser garantida a distância de um metro entre cada lugar a ocupar (excepto se coabitantes), na mesma fila, e a existência de uma fila de intervalo (sem ocupação)".
Não foi isso que aconteceu nos recentes espectáculos do comediante Bruno Nogueira efectuados na praça de toiros do Campo Pequeno, como se pode verificar pelas fotos que aqui publicamos.
Em declarações ao site "Tauronews", o secretário-geral da Federação PróToiro, Hélder Milheiro, afirma que "isto é um absurdo" e que já se fizeram as respectivas reclamações junto da IGAC e da DGS, por forma a que isso seja rectificado o mais rápido possível.
"Uma sala como o Campo Pequeno recebe um espectáculo cultural em que as pessoas estão sentadas um lugar sim, um lugar não. Quando há um espectáculo tauromáquico no mesmo recinto, tem que haver uma fila de separação. Isto cria discriminação entre os espectáculos culturais e o sector não pode permitir isso", afirma Hélder Milheiro.
Alguns empresários contactados esta manhã pelo "Farpas" consideram que "se a 11 de Junho não se falava de uma fila de intervalo e agora se fala é porque houve naturalmente um erro por parte da DGS e da IGAC, que esperamos seja corrigido rapidamente", adiantando que "com a obrigatoriedade de uma fila de intervalo não ocupada, a lotação das praças diminui de forma muito considerável e isso torna inviável a realização dos espectáculos".
Os empresários preferem interpretar como "um erro" aquilo que muitos aficionados consideram ser "uma rasteira" e, uma vez mais, "uma discriminação escandalosa ao sector tauromáquico".
Há. nomeadamente, empresários que já programaram corridas de toiros para o início do mês de Julho, caso, por exemplo, de Luis Miguel Pombeiro, que anunciou corridas para dia 11 em Estremoz e dia 18 no Cartaxo, com base no Guia de Recomendações dado a conhecer pela DGS a 11 de Junho e que deixava antever a utilização de 50% da lotação dos recintos - e que agora podem recuar se a utilização ficar limitada a um quarto ou um terço.
Vamos aguardar pelo desenrolar da situação e esperar que a DGS e a IGAC rectifiquem o ponto 26 das Orientações hoje divulgadas.

Fotos D.R.