Miguel Alvarenga - Há momentos que marcam a vida das pessoas. E se houve Toureiro que nos marcou as nossas vidas, o Maestro João Moura foi e será eternamente um deles. Por tudo.
Num ano complicado, que para ele se complicara já mesmo antes de sonharmos que vinha aí uma pandemia, pode-se condenar João Moura pela história que lhe ensombrou em Fevereiro a vida, mas não se pode esquecer, assim como quem deita um pouco (grande) do passado para o lixo, o que ele foi, o que ele é, o que ele representou e representa ainda e sempre, o que ele revolucionou e o gigante que continua a ser quando que se monta num cavalo e vai para a guerra com os toiros.
Quando todos o quiseram esquecer em nome de uns (alegadamente) bons costumes bacocos e duvidosos e difíceis de ingerir para quantos o continuam e continuarão a admirar pela maestria, pela diferença, o empresário José Gonçalves, até aqui um ilustre desconhecido, contratou-o, fez justiça à História, à História do Toureio Mundial, deu um exemplo a todos, espécie de murro forte na mesa para pôr ordem e vai apresentá-lo no próximo dia 12 de Setembro na praça de Vila Nova da Barquinha. E eu lá estarei. E nós lá estaremos todos para lhe prestar a mais calorosa das ovações, como aquela que ontem o público do Campo Pequeno lhe prestou, arrepiante, emocionante até às lágrimas, quando seu filho João o fez levantar-se na bancada e lhe dedicou a empolgante lide do quinto toiro da noite.
Lisboa pôs-se de pé. E é de pé que todos nos temos que pôr sempre, quando se falar de João Moura.
Esse momento, ontem à noite, foi um daqueles que marcam a vida das pessoas. Marcou certamente a dele (ainda esta manhã falámos os dois sobre isso). E as nossas.
Obrigado por tudo, Maestro João Moura. Até dia 12!
Foto M. Alvarenga