A "telenovela" continua acesa. Depois de a Câmara Municipal de Monforte ter hoje anunciado que ficara decidido em reunião autárquica retirar o seu apoio à Corrida RTP agendada para 28 deste mês na praça da sua terra, já não patrocinando a Casa do Pessoal da RTP, devido às muitas confusões que vieram a lume nos últimos dias, a empresária Maria de Fátima Pinto, gerente da empresa Bússolas e Descobertas, promotora do espectáculo, garantiu ao "Farpas" que vai com a corrida para a frente, "doa a quem doer".
Em causa, recorde-se, está uma dívida do empresário João Duarte (companheiro de Maria de Fátima) à Associação Nacional de Grupos de Forcados por falta de pagamento aos grupos da Tertúlia Terceirense, do Ramo Grande e do Real Grupo de Moura numa corrida que realizou na Ilha Terceira em Agosto de 2010, há dez anos. A dívida é de 3.375 euros. Isto, apesar de o empresário alegar agora que mesmo depois dessa corrida de 2010 e dessa dívida, os dois grupos da Ilha Terceira terem voltado a pegar nos anos de 2011 e 2012 em corridas por ele organizadas em Angra do Heroísmo.
A ANGF aconselhou os seus grupos associados a não pegarem para corridas cuja organização tivesse a ver directa ou indirectamente com o empresário João Duarte e considera que, no caso concreto, o empresário estará "indirectamente" ligado à organização desta Corrida RTP em Monforte, tendo delegado na empresa da sua companheira (formada este ano) a promoção da mesma, precisamente para "fugir" ao pagamento da referida dívida e não ter problemas com os forcados.
Nas últimas horas, em solidariedade para com a ANGF, as associações de Toureiros (Associação Nacional de Toureiros) e de Ganadeiros (Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide) aconselharam também os seus associados a não colaborarem, toureando ou vendendo toiros, nesta corrida.
Maria de Fátima Pinto alega que João Duarte nada tem a ver com a organização desta Corrida RTP e enviou nos últimos dias e-mail's às associações de Forcados, de Toureiros, de Ganadeiros e de Empresários a solicitar que a informem se tem para com eles alguma dívida e, no caso de ter, a pedir que lhe enviem o nib das referidas contas a fim de as liquidar.
"Já recebi um e-mail da Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos e outro da Associação Nacional de Toureiros a informarem de que a minha empresa não lhes deve um cêntimo. Aguardo até à meia-noite de hoje pelas respostas das associações de Forcados e de Ganadeiros. Sei que não lhes devo absolutamente nada, mas quero que mo digam oficialmente, como o fizeram já as associações de toureiros e de empresários. Depois disso, quero me expliquem por que razão, então, não me deixam realizar a corrida. E avançarei de imediato para os tribunais", afirma a empresária.
Entretanto e face à demarcação da Câmara Municipal de Monforte e à recusa em patrocinar a Casa do Pessoal da RTP, a transmissão televisiva da corrida e mesmo a sua realização podem neste momento estar seriamente em causa.
A corrida de dia 28 em Monforte, recorde-se, tem cartel formado pelos cavaleiros João Moura Caetano e Miguel Moura, entre os quais se anuncia nos cartéis o "esperado mano-a-mano", muito embora o elenco inclua ainda um terceiro cavaleiro, o praticante Ricardo Cravidão (apoderado por João Duarte), lidando-se cinco toiros da ganadaria de Paulo Caetano. Para as pegas estão anunciados os grupos de forcados Amadores de Monforte (na comemoração dos 20 anos da sua fundação) e Amadores de Beja. A corrida insere-se, conforme vem expresso no cartaz, nas celebrações dos 40 anos da alternativa do cavaleiro Paulo Caetano.
Aguardemos pelas cenas dos próximos capítulos...
