Miguel Alvarenga - Vivemos tempos - passageiros, espera-se - de uma "nova diferença" e é necessário e urgente que se cumpram todas as normas de segurança e prevenção impostas pela Direcção-Geral de Saúde e permanentemente supervisionadas pelos inspectores da IGAC, como tem acontecido em todas as praças depois de Estremoz e Lisboa terem dado o pontapé de saída e o exemplo que se impunha.
A primorosa organização de todas as empresas e o civismo e respeito que tem sido demonstrado pelo público aficionado têm sido exemplares - e deveras importantes para a continuidade dos espectáculos dentro de todas as condicionantes que é preciso respeitar.
Há males que vêm por bem e continuo a defender que o facto de termos agora as trincheiras vazias e sem os "curiosos" que noutros tempos as costumavam frequentar, é uma das mais valias destas novas regras ditadas pela maldita pandemia. As novas cortesias também não me parecem nada mal, são mais rápidas e não se deixa por isso de aplaudir e saudar os cavaleiros intervenientes, os bandarilheiros e os forcados. Podiam continuar sempre assim, que não me incomodava nada, antes pelo contrário.
O que já me parece uma afronta - que não há meio de ser corrigida - é a gritante falta de respeito pelos Forcados. Que são os únicos obrigados a sujeitarem-se a fazer de véspera o teste à covid-19 e por isso mesmo são os únicos de que existem certezas absolutas de não estarem contagiados e de não constituirem perigo algum para a saúde pública. Mesmo assim, são também os únicos a não poder permanecer na trincheira durante as lides dos toiros que não lhes pertencem, sendo obrigados a abandonar a praça e a ir para o exterior, só regressando a cena no toiro seguinte.
E se há praças mais pequenas e com menos condições para que os grupos se mantenham sempre entre tábuas, a do Campo Pequeno reúne todas e mais algumas para evitar essa anomalia do sai-grupo, entra-grupo.
Uma verdadeira anormalidade dentro das "novas normalidades" - que representa, acima de tudo, uma total e gritante falta de respeito pelo Forcado Amador. Ainda e sempre o maior cartaz da corrida à portuguesa.
Espero e faço votos para que a nova Associação Nacional de Grupos de Forcados se mexa junto da IGAC para contrariar esta anomalia e que conte com o apoio da Associação de Empresários - que também deveria pugnar nas suas organizações pelo respeito que merecem os Forcados, que não podem continuar a ser tratados como enteados na Festa.
Tenho dito.
Fotos M. Alvarenga
Entra-grupo, sai-grupo... |
"Façam a fineza de sair de cena..." |
Trincheira sem Forcados |