Com sua neta Madalena Dias Gomes e Rui Bento quando em Agosto de 2014 foi homenageado no Campo Pequeno |
Com Francisco Morgado, que lhe entregou em 2004 o Troféu "Prestígio" atribuído pelo então jornal "Farpas" |
Em Março de 1937, o jornal "A Estocada" anunciava que "os aficionados vão ter ensejo de conhecer muito em breve um novo toureiro português".
"Augusto Gomes, assim se chama esse rapaz cheio de aficion e de intuição 'tolera', que como amador já tem dado boas provas, pode por direito próprio aspirar a ser toureiro. Tem qualidades suficientes para ir para diante" - escrevia Inácio Saraiva, grande aficionado que anos mais tarde viria a ser apoderado do cavaleiro José Mestre Batista, nesse jornal que se publicou em Lisboa nos anos de 1936 e 1937 e que era dirigido pelo crítico tauromáquico Nizza da Silva.
Escrevia Inácio Saraiva sobre a futura estrela do toureio: "É valente e habilidoso, toureia de capote com estilo e suavidade, dando ao lance à verónica executado com as mãos baixas, um particular sabor. Excelente bandarilheiro, ele maneja a muleta tão bem ou melhor do que qualquer dos outros 'tércios' da lide. Os aficionados que o viram tourear em pontas, o ano passado no 'tentadero' do abastado ganadero Sr. Vaz Monteiro, não esconderam o entusiasmo ante a actuação de 'maestro' que lhes proporcionou este jovem, mas já prometedor, toureiro".
Um ano antes (1936) estreara-se na praça de Sobral de Monte Abraço (curiosamente hoje gerida por seu filho José Luis Gomes, antigo cabo dos forcados Amadores de Lisboa, onde sucedeu ao histórico Nuno Salvação Barreto) e já depois deste artigo, em 1938, Augusto Gomes Júnior, que nascera no Montijo, apresentou-se como novilheiro no Campo Pequeno e poucos anos depois rumava a Espanha, onde se estabeleceu, com o objectivo de se tornar matador de toiros.
Foi o primeiro novilheiro português a actuar em Espanha, em Pamplona e acabou por receber a alternativa a 10 de Agosto de 1947 em Constantina, apadrinhado pelo célebre António Bienvenida, tornando-se no segundo matador da nossa História, depois de Diamantino Viseu, que recebeu a alternativa em Barcelona cinco meses antes. E só não foi o primeiro devido a uma grave colhida que sofreu em Tafalla e o obrigou a parar uns meses.
Ex-professor de inúmeros toureiros na lisboeta Escola Arena, Augusto Gomes Júnior viria depois a abdicar da alternativa de matador, tornando-se bandarilheiro em 1951, integrando as quadrilhas de vários toureiros nacionais, entre as quais a do cavaleiro José Mestre Batista. Depois de se retirar das arenas foi um dos mais competentes e sérios directores de corrida do seu tempo.
Morreu em Lisboa, com cem anos, em Outubro de 2014, depois de em Agosto desse ano ter sido homenageado pela então empresa da praça do Campo Pequeno.
Fique com o artigo de Inácio Saraiva no jornal "A Estocada".
Fotos Emílio de Jesus/Arquivo e D.R.