Depois de ontem ter sido chamado à atenção no site "Naturales", depois de ter postado no Twitter um pequeno texto mais ou menos contra as touradas, quando há quatro anos se declarara aficionado e até criticara os anti-taurinos num evento do Grupo Tauromáquico "Sector 1", o conhecido músico João Gil veio hoje a terreiro retratar-se neste texto dado à estampa no site "Infocul" e que aqui reproduzimos com a devida vénia:
“Boa Tarde a todos,
"Ontem, tuitei que os cavaleiros da tauromaquia se deviam dedicar à disciplina de Dressage … e pronto, já se sabe. Acho que fui um pouco provocador , reconheço.
"Participei há uns tempos num encontro no Campo Pequeno e voltaria a aceitar o convite com muito gosto.
"Convém então deixar claro a minha opinião acerca da Tourada e seja o que Deus quiser.
"Venho da Covilhã como é por muitos sabido e ao longo dos anos fui construindo uma opinião àcerca da Tourada, opinião essa que evoluiu nalguns aspectos.
"Assisti a muitas touradas tanto em Portugal como em Espanha e por muitas vezes fiquei galvanizado pela arte de tourear a pé e pela coragem de pegar um touro bravo.
"Não é preciso recorrer à Literatura, Pintura ou Música para compreender ou defender o ritual .
"Nunca apreciei a parte do toureio a cavalo e em muitos casos encontrei mais ”circo” do que coragem, apesar de reconhecer o mérito de lidar a cavalo.
"Compreendo os argumentos dos defensores dos animais, e dos que condenam o espectáculo que envolve animais e acima de tudo compreendo a evolução da sociedade em todos os seus aspectos.
"Como se pode ver, estou dividido num aparente turbilhão contraditório e é nesta confusão de estado de espírito que defendo a continuação da Tourada em moldes diferentes:
"Eliminar o sangue da Praça através dos velcros no animal e na ponta dos ferros.
"Assim, salvamos a Festa e toda a indústria que existe à sua volta.
"Sei que tudo isto é polémico e para muitos absurdo mas é no debate que se pode encontrar a Luz.
"É no entanto inaceitável a intimidação dos que apenas vêem uma cor e recorrem ao insulto como prática comum“.
João Gil
Foto D.R./João Gil/Facebook