Apesar de algumas empresas terem já esta semana adiantado as datas dos espectáculos que tencionam promover em 2021, casos das de Évora e da Tauroleve (Vila Franca, Moita, Figueira da Foz e Chamusca), a próxima temporada tauromáquica continua envolta em muitas incertezas decorrentes de como evoluirá a situação da pandemia em Portugal.
À partida, nos primeiros meses do próximo ano, os espectáculos deverão realizar-se nos mesmos moldes em que se efectuaram este ano, isto é, rodeados de todas as medidas de segurança impostas pela DGS e com a lotação das praças reduzida. Os empresários têm fé numa abertura que permita utilizar pelo menos 50% das lotações nas praças onde este ano só foi permitido usar 30% e baseiam esse optimismo no facto de não ter surgido nenhum surto de covid-19 nas realizações que foram levadas a cabo em praças de toiros.
No Campo Pequeno, primeira praça do país, de novo gerida por Luis Miguel Pombeiro, agora com a mais valia da incorporação do famoso promotor Simón Casas no âmbito de uma parceria formada pelos dois, prevê-se que a temporada arranca só no mês de Julho, devido ao calendário de concertos que até lá estão agendados para o recinto.
É também muito provável que o Dia da Tauromaquia, uma promoção da Federação PróToiro e da marca Touradas, não se possa realizar no próximo ano no mês de Fevereiro, uma vez que muitos dos concertos que estavam agendados para Novembro e Dezembro no Campo Pequeno terem ficado adiados para Janeiro e Fevereiro.
Luis Miguel Pombeiro já anunciou e reafirmou esta semana numa entrevista ao site "Naturales" que no próximo ano quebrará finalmente a muito antiga tradição de realizar as corridas de toiros à quinta-feira, passando-as para a sexta à noite e para o sábado à tarde.
"Pode acabar essa tradição sim, se as datas dos concertos e de outros eventos o permitirem. Não há lógica nos tempos que vão correndo. O fim-de-semana é o tempo de lazer. A maioria das pessoas trabalha à sexta-feira e fazia um esforço enorme para estar presente, principalmente os que chegam de diversos pontos do país. A Tauromaquia é uma cultura popular e nunca foi elitista. E todos querem vir a Lisboa aos toiros. Se tivermos corridas à sexta ou ao sábado à tarde, volta a ser um passeio cultural familiar. E está tudo a ser pensado e estudado", disse o empresário na referida entrevista ao site de Patrícia Sardinha.
Questionado como prevê que venha a decorrer a temporada de 2021, Luis Miguel Pombeiro respondeu:
"Neste momento nada lhe posso dizer. Em Espanha vão começar a vacinar em Janeiro. Aqui ainda não sabemos. Se se mantiverem as medidas do ano transacto e subirem mais as lotações poderão abrir mais praças. Está provado que não têm sido nos espectáculos culturais que se apanha o vírus. Os hábitos vão mudar, isso todos sabemos. Mas o principal é como irá reagir a economia. Essa é a nossa maior incógnita e deverá ser a de todos os intervenientes da Tauromaquia. Reduzir ainda mais o número de corridas não me parece ser a opção, mas neste momento fazer previsões são apenas tiros no escuro. Tenho já algumas ganadarias contratadas, toureiros também, sejam cavaleiros ou matadores. Não me venham com bairrismos e situações de pressão deste ou daquele. Vem quem tiver de vir. A Catedral de Lisboa, o Campo Pequeno, é o corolário lógico de qualquer português que seja artista. Mas, como promotor, eu tenho de sentir que pode marcar a diferença. Quem o fizer vem e se triunfar repete. Vamos ver como reagem às contratações e a forma e o conteúdo de quererem ou não manter a nossa Festa".
Foto M. Alvarenga