"Eu não sou nem posso ser herói porque heróis são os ganaderos que têm de dar comida aos toiros e infelizmente tiveram de matar muitos sem os ver em praça; heróis são os artistas que têm de sustentar as suas famílias e as suas quadras e são todos os toureiros. Eu limitei-me a tentar dar lugar a todos com as limitações que tínhamos", afirma Luis Miguel Pombeiro numa grande entrevista, hoje, ao site naturales-tauromaquia.com, acrescentando que "para todos os que arriscaram foi a temporada possível e todos os que estiveram na linha da frente são uns heróis".
Concretamente sobre o Campo Pequeno e a sua temporada composta por seis corridas, afirma:
"Para mim, a Catedral estar com seis espectáculos é um orgulho para qualquer aficionado e muito mais para um promotor. A Praça foi-me entregue a 10 de Julho e de imediato se trabalhou para que a primeira corrida fosse dia 30. Ninguém imagina o que é isto, o que pensamos e o que passamos. No plano ganadero acho que não houve falhas na apresentação e no trapio dos toiros que ali sairam. Pode-se gostar mais desta ou daquela ganadaria, mas a verdade é que nesse aspecto não existiram falhas. A nível de cartéis a situação é idêntica. Foram os possíveis e lutando com muitas "forças" ocultas... Nem quero falar nisso. Quem esteve comigo continuará a estar. A nível de público acho que fiquei aquém do que esperava e foi triste. Mas a pandemia está aí e sei de muito boa gente que não foi a Lisboa porque não quis arriscar. Mas esse é talvez o maior triunfo da temporada é que não houve nenhum surto de Covid nos espectáculos culturais. É mais um motivo de orgulho".
"Eu sou um insatisfeito por natureza e quero sempre mais. Poderia ter feito melhor? Talvez! Foi o possível naquela altura? Foi! Na Tauromaquia temos muitos treinadores de bancada muitos pseudo-jornalistas e pseudo-criticos que nunca arriscaram um cêntimo na Festa mas que acham que sabem tudo. Primeiro criticavam que não haveriam corridas, que quem ficou com Lisboa não era taurino, etc., etc. Foi tanta estupidez que se escreveu que até aflige. Depois criticavam cartéis sem saberem o que se passava. Antes de me criticarem por não vir A, B ou C porque não foram perguntar ao A, ao B ou ao C porque não vieram? Tenho orgulho nos cartéis e nos toureiros que comigo estiveram este ano. Tenho pena de não ter trazido outros mais e não ter montado a Feira Taurina de Lisboa. Mas sabe porque não a montei? Não tive toureiros... E mais não digo...", acrescenta o empresário.
Questionado sobre se se cumprirá a profecia que ele próprio anunciou numa outra entrevista ao mesmo site "Naturales" no início do ano, onde disse que “se eu ficar com o Campo Pequeno será difícil de lá sair”, Luis Miguel Pombeiro respondeu:
"Normalmente assim acontecia com as praças por onde andei. Mas a verdade é que ninguém sabe o amanhã. Se lhe disser que depois de anunciado que continuaria no Campo Pequeno, mesmo assim, foram enviadas duas ou três propostas, você nem acreditaria... Deixem-me trabalhar, é o que eu peço. Não dêem mais cabo da Tauromaquia, é o que exijo. Tenho de cumprir o que contratualizo e trabalhar com afinco e profissionalismo. Respeito, educação, saber estar fica bem a todos. O meu projecto é para estar o tempo que eu e quem manda achar necessário".
Sobre a próxima temporada de 2021, adianta:
"Gostaria que Pablo e Ventura regressassem a Lisboa! Irei tentar que seja uma realidade. Assim como espero trazer uma ou duas Figuras do toureio a pé que tenham interesse em tourear na Catedral. Não daqueles que não aparecem... O cachet terá de ser o razoável para as condições que atravessamos e penso que os dois (Pablo e Ventura) respeitam a Catedral Mundial do Toureio a Cavalo e que venham. Nem tudo na vida é dinheiro. Há o respeito, o agradecimento a um público que os respeitou e idolatra. Penso que será possível, pois estou disposto a isso! Amanhã mesmo tenho reuniões em Espanha. A Catedral, a cidade de Lisboa, tem de estar no circuito internacional. Dentro das nossas limitações mas com a nossa tradição de sermos muito bons naquilo que fazemos. Rui Bento conseguiu isso".
Leia a entrevista completa em naturales-tauromaquia.com
Foto Emílio de Jesus/Arquivo