Com as mortes, em anos recentes, de toureiros como Amadeu dos Anjos e Ricardo Chibanga, Mário Coelho e Armando Sores (estes dois em 2020), e hoje com a morte de José Júlio, fecha-se aos poucos o maior capítulo da última grande época de glória do toureio a pé em Portugal - de que já restam poucos diestros sobreviventes.
José Júlio (na foto de cima com o seu primeiro mestre, Patrício Cecílio) morreu esta tarde no Hospital de Vila Franca de Xira, sua terra natal - e que ele tão bem honrou nos quatro cantos do mundo -, a dois dias de cumprir o seu 86º aniversário natalício, vítima de covid-19, que contraíu no Lar da Misericórdia em que viveu os seus últimos dias.
Foi um dos toureiros mais completos e mais importantes da nossa História - em Portugal e no mundo. E nunca tendo cortado a coleta - Toureiro até ao fim! - ainda toureou de luces pela última vez em 2009, quando já estava afastado das lides, com 74 anos, triunfando numa histórica tarde na sua "Palha Blanco".
Mesmo tendo passado por uma fase "revolucionária", quando em 1974 liderou a ocupação do Sindicato dos Toureiros, tal faceta foi-lhe perdoada pelos aficionados - que esqueceram esses tempos em nome de uma trajectória de enorme glória que superiorizou e passou ao lado de quaisquer tendências políticas. Era admirado e respeitado por todos - pelo Toureiro que foi, pelo fantástico ser humano que era, humilde e simples, como se não tivesse sido neste mundo um dos maiores.
Recebeu ao longo da sua carreira de glória os mais destacados troféus e foi alvo das mais significativas homenagens. Ainda em vida, a Câmara de Vila Franca rendeu-lhe tributo descerrando um busto do Maestro na cidade e dando o seu nome a uma rua da terra que o viu nascer.
Em 2000 foi também homenageado pela Real Tertúlia D. Miguel I, que lhe outorgou um dos prestigiados Troféus ao Mérito (foto de baixo) num a acto em que foram também galardoados o Maestro Paco Camino, o cavaleiro Emídio Pinto e o saudoso bandarilheiro Carlos Falcão, outro toureiro importante de Vila Franca, tio do matador José Falcão. Na foto, os quatro galardoados com Manuel Andrade Guerra, ao tempo presidente da Real Tertúlia.
Fotos D.R. e Marques Valentim