sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Diamantino Viseu: primeiro matador de toiros português morreu há 20 anos atropelado em Lisboa


O primeiro matador de toiros português morreu há 20 anos atropelado em Lisboa numa passadeira de peões não sinalizada muito próximo da praça do Campo Pequeno

Diamantino Viseu, o primeiro matador de toiros português, morreu há 20 anos (12 de Outubro de 2001), vítima de atropelamento na Avenida de Berna, em Lisboa, muito próximo da praça de toiros do Campo Pequeno, onde vivera muitas das suas tardes e noites de glória. Estava de regresso a casa (morava junto ao Jardim Constantino), depois de visitar seu irmão que se encontrava internado no Hospital Curry Cabral.


Diamantino Francisco Martins Viseu, de seu nome completo, não tinha qualquer relação com o mundo do toureio até ao dia em que conheceu um amigo que frequentava a Escola de Toureio de Júlio Procópio em Lisboa e se começou a entusiasmar pela arte de MontesAs primeiras vacas toureou-as na antiga Feira Popular de Lisboa, onde hoje são os jardins da Gulbenkian. E depois de conhecer o bandarilheiro espanhol Puntaré, rumou ao país vizinho e debutou no ano de 1944 como novilheiro em Toledo.


Teve em Portugal uma primeira apresentação mal sucedida na antiga praça de Santarém, mas em 1945 conseguiu o seu primeiro êxito notável na praça "Palha Blanco" de Vila Franca de Xira, onde alternava com o célebre Cayetano Ordoñez "Niño de la Palma".


O Grupo Tauromáquico "Sector 1" criou então um movimento de apoio à primeira estrela do nosso toureio a pé para que ele se apresentasse na Real Maestranza de Sevilha numa novilhada com picadores, o que veio a acontecer na Feira de Abril de 1946, onde cortou uma orelha.


E a 23 de Março de 1947 tomou finalmente a alternativa na Monumental de Barcelona, sendo seu padrinho Francisco Vega de los Reyes "Gitanillo de Triana" e suas testemunhas Agustín Parra "Parrita" e António Bienvenida. "Comerciante" era o nome do toiro então lidado pelo primeiro matador de toiros português e pertencia à ganadaria de Juliana Calvo Albasserrada. Diamantino Vizeu tinha então 24 anos.


Confirmou a alternativa em Las Ventas, Madrid, a 15 de Julho do mesmo ano, das mãos de Pepe Bienvenida e também ainda nesse ano, a 21 de Dezembro, apresentou-se na praça El Toreo da cidade do México, país onde gozou de imensa popularidade.


Em Portugal, formou com Manuel dos Santos a mais célebre parelha do nosso toureio a pé. Em 1958 protagonizou o filme "Sangue Toureiro" contracenando com Amália Rodrigues.


Diamantino Vizeu retirou-se das arenas na praça do Campo Pequeno a 24 de Agosto de 1972 (cartaz em baixo), publicou as suas Memórias em 1993 e outro dos seus maiores feitos foi ter fundado o Fundo de Assistência dos Toureiros Portugueses.


Era avô do também matador de toiros (retirado) Mário Vizeu Coelho, hoje a viver em Espanha, fruto do casamento de sua filha Verónica com o saudoso matador de toiros Mário Coelho, que morreu em Julho do ano passado vitima de covid-19.


Patriota dos quatro costados, recusou um dia receber das mãos do então Presidente da República Mário Soares uma condecoração, por o considerar (e escreveu-o em carta que enviou a Belém) um dos principais responsáveis da "vergonhosa descolonização".


Fotos D.R.

Diamantino Viseu e Manuel dos Santos
formaram a mais célebre parelha do
nosso toureio a pé

O famoso toureiro contracenou com Amália Rodrigues
no filme "Sangue Toureiro" (1958)
O cartaz da alternativa: 23 de Março de 1947
na Monumental de Barcelona

O programa da despedida de Diamantino Viseu no Campo
Pequeno a 24 de Agosto de 1971 na 10ª Corrida TV