(Re)pensar Novilheiros... (V)
Espero que os aficionados leitores tenham lido, na sua maioria, os textos que aqui tenho escrito sobre a problemática dos novilheiros portugueses. E que imprimam tais textos para os juntar e relerem atentamente. É um assunto muito sério, claro, fundamento das aspirações de jovens que têm de ter o seu futuro, os seus sonhos e ambições profissionais devidamente salvaguardados, em particular no seu país...
Quando pergunto a empresários portugueses (actuais) porque não organizam novilhadas, respondem-me, invariavelmente, que não podem perder 20 ou 25 mil euros, que é o prejuízo que calculam, face aos elevados encargos da organização...
As entidades envolvidas não têm regime especial para viabilizar as novilhadas (por exemplo, com dois cavaleiros praticantes, dois novilheiros, um grupo de forcados, seis ou sete novilhos)! Então, como se promove o futuro (de todos)?
Mas porque não podem um ou dois novilheiros fazer cartel com um ou dois cavaleiros, como nos "tempos d'ouro" dos cavaleiros Mestres Simão da Veiga e João Branco Núncio?! Se uma empresa quiser e acreditar, o Regulamento proíbe...
Proíbe com uma excepção: a corrida mista terá de ser com um ou dois cavaleiros, um novilheiro e... um “matador de toiros"! Quer dizer que o RET, que aboliu a “categoria de artista tauromáquico" matador de toiros (nem com aspas...), em 2014 e 2015, obriga a contratar um matador para que o novilheiro toureie corrida mista!
Sabiam de tudo quanto aqui vos trouxe nestes cinco textos? Isto é muito grave, face ao futuro! Com que intenção e quem esteve na base das alterações que deram nisto? O toureio a pé também é Cultura nossa! São os matadores no futuro quem farão as tentas de bravura das ganadarias, ou seja, os novilheiros de hoje, se não os boicotarem na seu próprio país...
O saudoso Engº José Barradas escreveu um livro sobre Mestre João Branco Núncio e, a dado passo, recordou um conselho que Mestre Núncio dava a seu filho José Barahona e a todos os cavaleiros: "Melhor se toureia a cavalo se se souber tourear bem a pé!”. Recordo isto no momento de certos fundamentos!
Terminado este quinto texto, oxalá tenha contribuído para esclarecer coisas "escondidas" e para que se reponha a Justiça taurina...
E parafraseando o Engº Sousa Veloso, "despeço-me com amizade"!
Fotos D.R./Fernando Clemente, Frederico Henriques e Casa Toreros/CART
* Maurício Vale escreve às sextas-feiras no "Farpas"