terça-feira, 4 de maio de 2021

O festival de Reguengos, segundo Miguel Ortega Cláudio

Com a devida vénia, transcrevemos a crónica de Miguel Ortega Cláudio (na foto de baixo) dada há momentos à estampa no site “Tauronews” - uma visão realista do momento que vive a tauromaquia numa análise detalhada do festival que ontem deu por fim o arranque a nova temporada

Miguel Ortega Cláudio/“Tauronews” - Encontramo-nos no limiar de um período transcendental, definitivo e histórico, que tem de concretizar a consolidação desta nossa querida Festa dos Toiros que tem estado empalidecida “num qualquer quarto”, acurralada por ataques de toda a ordem. Também de dentro, para registo… Hoje uma luz foi acesa em Reguengos, parabéns à coragem da Margarida e do António Cardoso!

Haverá tempo, mais tarde, para ajustar regulamentos, organogramas, balanços e a tudo o que roça o irracional ou cheira a mofo.


Agora é hora de acordar e assumir a importância do momento em que vivemos. Vivemos uma época que é devorada por questões que nos oprimem, deprimem e nos têm incomodado a todos nos último ano (políticos, anti-taurinos, covid e sei lá mais o quê…) mas sinto que os ângulos diédricos das paredes da nossa Casa que é a Tauromaquia podem viver tempos de arejamento e rejuvenescimento se lutarmos em conjunto e unidos. Esta é a hora de todos! É a hora de todos vestirem a nossa camisola. “Veste-te que toureias. É a hora”. Esse tem que ser o nosso lema. É o momento da verdade! 


É a hora. O tempo de a nossa classe política e a sociedade em geral, cada qual no lugar que lhe corresponde, de se comprometerem – ainda que por uma vez e sem se ofuscar com o possível voto nas urnas – a favor de um sinal de identidade universalmente reconhecido que é a arte da tauromaquia.


Foi larga, larguíssima, interminável esta espera desde Outubro de 2020. Maldita pandemia… A saúde vem em primeiro lugar, naturalmente! Mas novamente fomos tratados impiedosamente pelos mais altos poderes do Estado… Hoje, 3 de Maio do ano 21 do século XXI foi inaugurada a temporada, Graças a Deus! Foi no Alentejo, na “José Mestre Batista” em Reguengos de Monsaraz.


Foram lidados cinco toiros e um novilho da ganadaria Passanha. Bem apresentados os toiros. De bom jogo. Destaque para os bravos segundo e terceiro. O primeiro nobre. Quarto encastado e pedir contas. De bom jogo o voluntarioso quinto. O eral que fechou a corrida mais terciado mas também de jogo notável.


Luis Rouxinol abriu a tarde diante um bonito Passanha, marcado a fogo com o número 44 e de 460 quilos. O cavaleiro de Pegões lidou o oponente a gosto, cravou bons ferros compridos e curtos. Rematou a lide com um palmito e ficará na história desta temporada de ter sido o primeiro a pisar a arena neste segundo ano de pandemia.


O pontapé se saída estava dado e Marcos Bastinhas lidou o segundo da tarde, um bravo Passanha que aproveitou de princípio a fim da lide. Bem nos compridos e nos curtos. A brega e as preparações dos ferros tiveram gosto. Rematou a lide com um grande par de bandarilhas.


João Ribeiro Telles, veio a Reguengos e triunfou forte! Os compridos tiveram gosto, nos curtos a brega foi sublime e a série de curtos levantaram o público dos assentos. Que grande curto o segundo e que dizer do terceiro. Acabou o quadro com o cavalo “Ilusionista” e o ferro cravado foi do outro mundo. Olé! Tudo isto foi feito diante de um grande Passanha que a meu ver tinha sido merecedor do seu criador ter sido chamado à praça.


Luís Rouxinol Jr. não esteve nos seus dias… foi colhido com violência antes de cravar o primeiro comprido. Os cavalos pareciam não querer ajudar, o toiro sério e encastado veio a mais e o Luís andou pouco inspirado. Há dias assim.


António Prates, teve uma actuação bonita na “José Mestre Batista”. Andou bem nos compridos, nos curtos cravou a gosto e rematou a lide em curto com dois grandes ferros.


O amador Tristão Ribeiro Telles, tem raça e graça toureira para dar e vender. Bem nos compridos, nos curtos a lide foi a crescer, para acabar em plano de triunfo.


As pegas ficaram a cargo dos grupos de Forcados Amadores de Alcochete (que iniciam o ano de comemoração do seu 50º aniversário) e Amadores de Monsaraz


Abriu praça João Dinis à segunda tentativa pelos Amadores de Alcochete. O terceiro da tarde foi pegado por Afonso Matos Correia à terceira tentativa. Fechou a tarde pelos de Alcochete, Victor Marques numa boa pega à primeira tentativa.


Pelos Amadores de Monsaraz foi para a cara do segundo da tarde Mauro Carrilho numa boa pega à primeira tentativa. Paulo Cardoso fez um pegão que levantou praça à primeira tentativa. Fechou a corrida João Tiago numa pega segura à primeira tentativa.


Foi director de corrida Domingos Jeremias e médica veterinária a Drª Ana Gomes


Que seja esta a primeira de muitas!


Fotos Maria Mil-Homens