O histórico grupo de forcados Amadores de Lisboa (nas fotos de cima, em 2019 no Campo Pequeno, na noite de comemoração do seu 75º aniversário) regressa no próximo sábado à praça de toiros de Évora, onde não pega há 22 anos.
A última actuação dos Amadores de Lisboa na antiga praça de Évora, como esta semana aqui referimos, foi na corrida de São Pedro de 1999, a 29 de Junho, onde repartiu cartel com o Grupo de Évora numa tarde de homenagem a João Nunes Patinhas, o cabo fundador dos forcados eborenses, em que actuaram o saudoso Joaquim Bastinhas, Rui Salvador e Francisco Núncio e se lidaram toiros de D. Luis Passanha. Tal como acontecerá no próximo sábado, o Grupo de Lisboa ombreou nessa última corrida com o de Évora. Os cabos dois dois grupos eram, respectivamente, José Luis Gomes e João Pedro Oliveira, pais dos cabos actuais.
Num artigo publicado no site "Tauronews", João Vasco Lucas, antigo forcado dos Amadores de Lisboa, afirma que "como antigo elemento, sinto-me muito feliz com este regresso a uma praça plena de história e onde as bancadas se enchem de aficionados de solera, plenos de conhecimento técnico e crítico no que ao toiro e à lide respeita".
"A estreia do G.F.A.Lisboa em Évora remonta a 1947 numa corrida mista com José Casimiro, Murteira Correia e os espadas Afonso del Toro e Augusto Gomes. Lidaram-se toiros de Viúva Soller e Varela & irmãos. Seguem-se muitas e boas actuações do grupo na cidade museu. Em 1968 encerra-se com 6 Vinhas, em 1969 pega o concurso de ganadarias com o grupo de Évora e uma corrida mista de Silvas. No dia de São Pedro de 1970 volta a alternar com o GFAE frente a um curro de António Charrua numa corrida em que se destaca a actuação do distinto amador Eborense Manuel Grave. Em 1975 volta a enfrentar 6 toiros em solitário, desta feita da casa Infante da Câmara", recorda João Lucas. E acrescenta:
"1976 é o ano em que mais actua em Évora, pegando o concurso de ganadarias em Maio com o grupo de São Manços, no dia de S. Pedro, uma recordada actuação em solitário com 6 pegas à primeira tentativa frente a um imponente curro de Passanha que se anunciou com 600 quilos de média. Em Outubro volta a alternar com o GFA de São Manços frente a um curro de Cunhal Patrício. Em 1977 pega na 'corrida dos triunfadores'. Cartel composto por José João Zoio, M. Jorge de Oliveira e João Moura, alternando com o Aposento da Moita, tendo pela frente um curro de Teixeiras. Após um interregno grande, o grupo volta no concurso de ganadarias de 1995 com o GFAE e em 1999 com um curro de Passanha. Tive a satisfação de me fardar nessa corrida, uma corrida de homenagem ao cabo fundador, o saudoso Sr. João Nunes Patinhas. Recordo-me bem da sensação solene de pisar a arena de Évora, do respeito que a velhinha praça incutia em todos os artistas. Quis o destino que durante o meu percurso não voltasse a ter o mesmo privilégio".
"22 anos depois regressamos, na renovada arena de Évora, que se adaptou aos tempos, sendo neste momento uma praça com conforto e sombra, perdendo o pitoresco 'incómodo' que a caracterizava mas conservando os aficionados de outrora, e uma nova geração de seus descendentes que sabem do toiro e da pega. E regressamos com a responsabilidade acrescida de honrar a história escrita pelas anteriores gerações do GFA de Lisboa", refere ainda o antigo forcado.
No próximo sábado, 24 de Julho, em competição com os Amadores de Évora, o Grupo de Lisboa regressa à cidade-museu para pegar um imponente curro de toiros da histórica ganadaria Murteira Grave. Seis toiros "como nunca se viu sairem na praça de Évora", como referiu esta semana o ganadeiro Joaquim Grave.
A corrida terá início às 18h30 e actuam os cavaleiros João Moura, Marcos Bastinhas e Luis Rouxinol Júnior.
Fotos M. Alvarenga