Entrevista de Miguel Alvarenga
- Três corridas diferentes e atractivas e uma forte aposta no toureio a pé com a presença de Morante na primeira noite e o mano-a-mano “Cuqui”/“Juanito” na segunda, além da novilhada na sexta-feira. Uma Feira de acordo com os anseios do público local, onde o toureio a pé teve sempre um impacto especial?
- O que nos conduziu foi a procura de conseguir três cartéis com história e com categoria que honrem a Praça de Toiros “Daniel do Nascimento”.
Acreditamos que com o que conseguimos, provocámos o entusiasmo e o gosto das gentes e instituições locais, mas igualmente em todos os aficionados do país pelos cartéis apresentados.
- No ano passado teve duas experiências “amargas” com as ausências dos anunciados Sebastián Castella em Vila Franca e de Miguel Ángel Perera na Moita. Não teme que o público desta vez só acredite quando vir Morante na praça?…
- Essa reflexão é normal que exista. Em relação ao Castella foi uma decisão de interromper a carreira. Já no que diz respeito ao Perera prefiro não comentar, mas sinto uma preocupação muito grande pela falta de categoria e de respeito. E essa preocupação é normal que exista e por isso fomos “atrás” de profissionais de máximo respeito e categoria e um dos melhores nomes que aqui encaixam é Morante de la Puebla. Esse seu compromisso com a tauromaquia aliado ao génio que faz de Morante o toureiro certo para a data de 14 de Setembro onde alterna com outras duas figuras do toureio a cavalo como são António Telles e João Ribeiro Telles. Sobre a presença de António, vamos aguardar pelo evoluir da sua situação. Gostava muito que pudesse estar presente, mas não depende de outra coisa que não seja a sua recuperação, que todos desejamos seja rápida para que o voltemos a ter nas arenas.
- Foi difícil contratar Morante?
- Facílimo! Simplesmente exprimi o meu desejo e sonho de conseguir contemplar a sua presença nas nossas praças e tivemos a felicidade que o seu desejo fosse vir à Moita este ano e no próximo ano outras coisas ficaram já “sonhadas”.
-Tinha há uns meses anunciado os “toiros brancos” da ganadaria Torre de Onofre para a Moita, mas não estão…
- Correcto. Perante a alteração do elenco previsto para a corrida apeada foi entendimento dos toureiros abrir a corrida com três encastes diferentes e assim criar um aliciante extra pelas características distintas entre as três ganadarias escolhidas.
- Este ano não haverá a habitual corrida do Fogareiro de sexta-feira, mas está anunciada a habitual novilhada da Escola Taurina da Moita. Algum motivo especial?
- A novilhada terá lugar nessa sexta-feira pelas 18 horas.Está contemplada na apresentação final da feira porque entendemos obrigatório a defesa do futuro da Festa e isso passa por oportunidades dadas aos jovens que sonham ser toureiros.
- Cartel diversificado na tradicional corrida dos cavaleiros de quinta-feira, com Rui Fernandes na sua única corrida da temporada em Portugal e também com a apresentação, depois da próxima alternativa em Arles, de Duarte Fernandes. Espera que o público corresponda?
- É um cartel rematadissimo com a única actuação em Portugal em dois anos de Rui Fernandes e a apresentação de Duarte Fernandes após a alternativa que será em Arles dias antes.
Um cartel composto e cheio de aliciante com um curro espantoso de Passanha numa noite em que se homenageia a “Casa das Enguias” pelo 70 aniversário de fundação.
- Desde 2019 que Rui Fernandes não toureia em Portugal. Como conseguiu trazê-lo à Moita?
- Também foi um processo nada complicado. As minhas contratações não têm problemas e o Rui Fernandes vai estar na Moita, como todos os aficionados anseiam, depois de não tourear em Portugal no ano passado e neste.
- Como presidente da Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos, pergunto-lhe que balanço faz da presente temporada até ao momento?
- Uma temporada muito difícil cheia de incertezas até metade do ano e que causou muita apreensão. Torna-se complexo querer promover e sentir impossibilidade. Felizmente conseguimos todos, juntamente com a IGAC e a DGS, construir uma norma que permita que a nossa actividade active e que se consiga organizar corridas de toiros por todas as praças do país.
- Este é o seu último ano na gestão da praça “Daniel do Nascimento”? Se sim, tenciona recandidatar-se?
- Cada coisa a seu tempo. Sentimos que ano após ano estamos a evoluir e neste momento entendo que temos a maturidade certa e o conhecimento da sensibilidade da “Daniel do Nascimento”. Sentimos por outro lado uma forte ligação e convergência de ideais com os proprietários e com as instituições da Moita. A decisão será tomada no momento certo e estamos muito tranquilos em relação a esse tema porque se existe algo que nos acompanha é que sempre queremos estar onde nos querem.
Foto D.R.