Alguma imprensa, e nomeadamente canais televisivos, já embandeiraram em arco pelo facto de ter sido conhecida hoje a acusação deduzida pelo Ministério Público de Portalegre contra o cavaleiro João Moura, acusando-o de 18 crimes de maus tratos a animais de companhia, um deles agravado pela morte de um dos cães.
O caso remonta a Fevereiro de 2020, quando a GNR, por denúncia anónima, levou da Quinta de Santo António, em Monforte, 18 cães galgos que estariam subnutridos e se encontravam separados dos restantes, vindo um deles a morrer.
Na altura, em declarações exclusivas ao "Farpas", o Maestro Moura, primeira figura do toureio equestre mundial, refutou as acusações e garantiu que nunca tratou mal animal algum, alegando mais tarde que os galgos apreendidos pela GNR se encontravam doentes e por isso mesmo separados dos restantes.
João Moura chegou a ser detido para comparência no Tribunal, onde foi ouvido e saíu em liberdade com termo de identidade e residência (a menor das medidas de coação aplicadas a qualquer cidadão que seja constituído arguido num processo).
Caso seja condenado, adianta hoje a imprensa, o famoso toureiro poderá ter que cumprir uma pena de prisão de dois anos e quatro meses, moldura penal adequada aos crimes de que é acusado. O facto de ser primário, isto é, de ser a primeira vez que é formalmente acusado destes crimes, pode no entanto levar a que o Tribunal decida, em caso de haver julgamento, a condená-lo numa pena suspensa - e não efectiva.
Mas o facto de o Ministério Público ter deduzido acusação contra João Moura e requerido o seu julgamento, não significa obrigatoriamente que o mesmo se venha a processar.
João Moura pode pedir a instrução do processo, o que quer dizer que a acusação do MP será devidamente avaliada pelo Tribunal de Instrução Criminal, com audição de testemunhas, decidindo depois se arquiva o processo ou se avança para julgamento.
Ou seja, muita água vai correr ainda debaixo das pontes até que alguma coisa aconteça...
João Moura, recorde-se, foi no ano passado homenageado no Campo Pequeno pela empresa Ovação e Palmas e por milhares de aficionados e adeptos que esgotaram a lotação permitida da primeira praça do país, alcançando nesse noite aquele que ficou referenciado como um dos maiores triunfos da época de 2021 e saindo da praça em ombros.
No exterior da praça de toiros, teve lugar uma mega-manifestação de opositores, considerado o maior protesto dos anti-taurinos diante do Campo Pequeno desde que a praça reabriu em 2006.
Foto M. Alvarenga