quinta-feira, 3 de março de 2022

Morreu o antigo matador Gabriel de la Casa, que também foi empresário e levou pela primeira vez a corrida de toiros à China

Com 73 anos de idade, vítima de prolongada doença bacteriana, como informaram à agência Ele fontes familiares, morreu esta madrugada num hospital de Madrid o antigo matador de toiros Gabriel de la Casa.

Era filho de Emiliano de la Casa, conhecido no mundo taurino como "Morenito de Talavera" e que foi toureiro dos anos 40 do século passado; e irmão de José (Pepe) Luis de la Casa (falecido em 2016), também matador de toiros e com o qual formou parelha nos tempos em que eram ambos novilheiros. Seu tio Pedro de la Casa "Morenito de Talavera Chico", foi também matador de toiros.

Gabriel de la Casa estreou-se nas arenas em 1960 num festival em Ávila e a 19 de Março de 1963 actuou pela primeira vez vestido de luces em Arenas de San Pedro. No ano seguinte toureou muito nas Américas, nomeadamente na Colômbia, no Peru e no Equador, onde debutou com picadores, países a que ficou sempre muito ligado e onde mais tarde voltaria para ali representar algumas casas empresariais espanholas.

A sua apresentação em Espanha ocorreu no ano de 1965, debutando em Las Ventas, Madrid, a 19 de Março, alternando com seu irmão Pepe Luis de la Casa. Nesse mesmo ano tomou a alternativa em Manzanares, apadrinhado por Manuel Benítez "El Cordobés", com o testemunho de Victor Manuel Martín, cortando quatro orelhas e um rabo. Recebeu a alternativa com o toiro "Quebrado", de 455 quilos, da ganadaria de Herdeiros de María Montalvo.

Confirmou a alternativa em Las Ventas a 15 de Maio de 1969 com toiros de José Luis Osborne, sendo seu padrinho Agapito García "Serranito" e a testemunha foi "Tinín".

Gabriel de la Casa foi também ganadero, formando a divisa El Alijar, sediada na Extremadura espanhola e com toiros de procedência Domecq.

Toureou pela última vez em 23 de Setembro de 1995 na localidade espanhola de Huete e depois de retirado das arenas permaneceu sempre ligado ao mundo taurino, quer como empresário, quer como representante nas Américas de diversas empresas espanholas ou como apoderado de toureiros, dirigindo durante algumas temporadas a carreira do matador equatoriano Guillermo Albán, que pela sua mão chegou a tourear várias vezes em Portugal nos primeiros anos do novo século. O próprio Gabriel de la Casa toureou no final dos anos 60 e nos de 70 em várias praças do nosso país, incluindo a do Campo Pequeno, onde se apresentou.

Um dos seus feitos mais famosos foi a realização pela primeira vez de uma corrida de toiro na China, o que aconteceu em 6 de Outubro de 2004 em Shangai, num estádio de futebol que contou com a assistência de 7.000 pessoas. Lidaram-se toiros da ganadaria mexicana La Soledad, porque na altura a epidemia das vacas loucas impediu a exportação de reses espanholas, e actuaram os matadores espanhóis José Ignacio Ramos, Iván García e o equatoriano Guillermo Albán.

Nessa digressão e nessa corrida actuou também o bandarilheiro Paco Duarte, antigo matador de toiros, que manteve ao longo de muitos anos e até ao fim uma grande relação de amizade com Gabriel de la Casa e hoje o recordou ao "Farpas" como "um Homem bom, um toureiro de valor e um aficionado como há poucos".

"Perdi um grande amigo", confessa Paco Duarte, que desde esta manhã se encontra em Madrid para render uma última homenagem a Gabriel de la Casa.

O antigo matador de toiros era casado e tinha dois filhos, um rapaz (escultor) e uma rapariga (bancária).

Que em paz descanse.

Fotos D.R.

Gabriel de la Casa foi um toureiro importante dos anos 70

Nos tempos de novilheiros, formou parelha com seu irmão
Pepe Luis de la Casa, que também foi matador de toiros

Em 1972 na Corrida da Beneficência em Madrid: Gabriel de
la Casa, Raúl Aranda e Francisco Rivera "Paquirri". Toureou
também nesta tarde o rejoneador Álvaro Domecq
Na mesma corrida, os toureiros fotografados pela agência Efe
na Monumental de Madrid com o Generalíssimo Franco, que
assistiu ao espectáculo
Gabriel de la Casa (à direita) com seu filho escultor, do mesmo
nome, e a ex-ministra da Cultura Carmen Calvo Poyato, em
2013, num acto da Associação Taurina Parlamentar
Gabriel de la Casa num acto do jornal "El Mundo"
Paco Duarte com o matador equatoriano Guillermo Albán,
nos tempos em que actuou várias vezes no nosso país e era
apoderado por Gabriel de la Casa, fotografados por
Miguel Alvarenga