Miguel Alvarenga - Fui o primeiro a dizê-lo (e houve quem não gostasse...), depois de o ver num dos primeiros festivais da temporada no Redondo. O mexicano Emiliano Gamero não é melhor, nem pior, que os nossos cavaleiros - é diferente. E veio para fazer a Revolução, veio para sacudir os costumes e agitar uma Festa que parecia adormecida num triste e sempre-igual marasmo.
A História da Tauromaquia Nacional cruzou-se sempre, ao longo dos anos, com a História da Tauromaquia Mexicana. Gregório Garcia, nos anos 40, fez por cá a Revolução no toureio a pé.
Depois, foram vários os cavaleiros e matadores mexicanos que aqui triunfaram e tiveram o seu cartel. Primeiro, Carlos Arruza, depois Eloy Cavazos, mais tarde Curro Rivera, Raul García, Manolo Arruza, "Armillita", César Pastor, Óscar San Román, o saudoso "El Pana" e outros.
Dos cavaleiros (de casaca e tricórnio, como os nossos) que por cá deixaram marcas, Gaston Santos foi o nome maior, com alternativa apadrinhada em Lisboa por Mestre Núncio. Depois, outros vieram. E triunfaram. Gerardo Trueba, Gaston Santos (filho), Carlos Arruza (filho), Rodrigo Santos. E agora Gamero. Que marca a diferença, não veste casaca, toureia trajado de charro, em homenagem aos seus costumes. A quem já parece que se renderam muitos daqueles que antes ainda alimentavam dúvidas.
Tudo isto, amigos meus, para vos informar que, anunciou-me esta manhã o Luis Miguel Pombeiro, Emiliano Gamero fará a sua apresentação no Campo Pequeno na Corrida do Emigrante, segunda da temporada lisboeta, na noite de 4 de Agosto, confirmando a alternativa. O contrato ficou ontem selado, depois do seu grande triunfo no Montijo.
Como aficionado (já fui mais, mas... ainda alimento esta paixão), como defensor da necessidade de coisas diferentes para que tudo isto não morra de repente no marasmo do sempre-igual, tenho que aplaudir e me congratular com a notícia. Venha Gamero! O público do Campo Pequeno vai viver uma noite de agitação e entusiasmo!
Foto D.R.