Miguel Alvarenga - Na noite de homenagem ao grande Forcado Fernando Hilário (foto de cima), ontem em Tomar (segunda e última corrida da temporada na cidade dos Templários), pegaram os grupos de Santarém e Montemor, há anos a protagonizar uma saudável rivalidade nas arenas (um verdadeiro "derby" de Forcados sempre que se encontram), respectivamente capitaneados por João Grave (filho do antigo forcado do grupo João Grave, sobrinho do também recordado forcado Joaquim Grave e do ex-cabo Carlos Grave) e António Cortes Pena Monteiro (sobrinho do saudoso cabo José Maria Cortes e neto do histórico cabo João Cortes), dois grupos cujas jaquetas o homenageado honrou ao longo da sua gloriosa trajectória, em que passou também pelos grupos do Colégio Nun'Alvares de Tomar (comandado por Manuel Faia) e de Lisboa (chefiado por Nuno Salvação Barreto), tendo terminado a sua carreira como cabo dos Amadores Lusitanos, que ele próprio fundou.
À excepção da quarta, a cargo de João Calisto, de Montemor, consumada à quinta tentativa a um toiro manso, complicado e de más intenções da ganadaria de Paulo Caetano, as pegas da noite de ontem não tiveram dificuldades de maior, sendo a mais emotiva a segunda, com o valente José Maria Marques (Grupo de Montemor) na cara, a aguentar uma carga forte do toiro (também de Paulo Caetano), que se desviou do grupo, sem nunca sair, fechado à barbela, com uma ajuda magistral de António Cecílio, até os companheiros chegarem (pega brindada ao antigo forcado do grupo António Corrêa de Sá). Por Montemor, pegou ainda o sexto toiro, muito bem, José Maria Cortes Pena Monteiro, forcado de valor e raça, irmão do cabo.
Aplausos para o valente e multifacetado Francisco Maria Borges, que ontem rabejou excepcionalmente os toiros do grupo de Montemor, por ausência do rabejador-mor Francisco Godinho.
Pelos de Santarém, grupo cabeça de cartaz, foram caras Francisco Cabaço (primeiro toiro da corrida, único da ganadaria Romão Tenório), bem a recuar e a receber, fechando-se com decisão ao primeiro intento; e António Queiroz e Mello (terceiro toiro da noite, de Paulo Caetano), também muito bem, o toiro nada complicou nem derrotou, concretizando à primeira e com os companheiros a ajudar como mandam as regras.
O quinto toiro da corrida, outro exemplar de Caetano, foi pegado de cernelha por Miguel Tavares e pelo rabejador João Romão, ao primeiro intento. Uma sorte de pegar que vai sendo rara, mas que estes dois grupos algumas vezes interpretam, fazendo jus à tradição dos grandes cernelheiros que tiveram - honrando as históricas parelhas formadas por Ricardo Rhodes Sérgio e Jorge Duque (Santarém) e por António José Zuzarte e Simão Comenda (Montemor).
Fique agora com as sequências das seis pegas de Tomar. Ontem nem sempre foi fácil fotografar, tal a poeirada que andava pelo ar na primeira parte da corrida.
Segundo o empresário João Pedro Bolota, a arena fora regada durante a tarde... o que aconteceu depois, foi uma daquelas coisas estranhas que por cá acontecem de quando em vez e ninguém chega a entender...
Fotos M. Alvarenga
Boa pega de António Queiroz e Mello ao terceiro toiro da noite, que investiu pelo seu caminho sem complicar e sem derrotar. Grupo de Santarém bem a ajudar, pega feita à primeira |
Miguel Tavares e João Romão (Santarém) pegaram o quinto toiro de cernelha, ao primeiro intento, muito bem |