quinta-feira, 13 de outubro de 2022

A última corrida de Madrid - pela objectiva de Ricardo Relvas

Ricardo Relvas (correspondente em Espanha) - A temporada em Madrid encerrou ontem com um deslumbrante triunfo da juventude protagonizado pelo matador peruano Andrés Roca Rey e pelo espanhol Francisco de Manuel, que sairam em ombros e em glória pela porta grande no final da corrida do Dia de Hispanidad, com a lotação da praça esgotada há vários dias, não cabia nem um alfinete.

Foi uma tarde de glória, depois de outras de uma Feira de Outono em que quase não se passara nada. E houve também o reverso da medalha com a bronca monumental a Alejandro Talavante, como já aqui referimos e já é desde ontem do domínio público, por ter recolhido à trincheira após escutar os três avisos sem conseguir matar o segundo toiro do seu lote, quarto da corrida, que acabou por ser apuntilhado por um bandarilheiro desde um burladero. Com tudo isso, a corrida demorou três horas. Mas valeu a pena.

Sairam à arena seis toiros de Victoriano del Rio e dois sobreros da mesma ganadaria. O segundo toiro, primeiro de Roca Rey, foi devolvido aos currais, depois saíu um sobrero que também foi devolvido e por fim um segundo sobrero que teve direito a ovação.

Talavante foi silenciado no primeiro toiro e viveu momentos complicados, com a referida bronca, no quarto. Mas a verdade é que não toureou mal, antes pelo contrário (as fotos falam por si), apenas perdeu por completo a moral depois de não ter conseguido matar o quarto toiro da tarde. Uma estocada, o toiro não caiu e depois, vários descabelhos até soarem os três avisos. Recolheu, vencido e demoralizado, à trincheira. O maioral de Las Ventas tentou levar o toiro vivo aos currais (fotos publicadas na notícia anterior), mas este acabou por ser morto, desde um burladero, pelo puntillero de Madrid. Estalou depois a bronca.

Roca Rey realizou uma faena de antologia ao segundo toiro da corrida, acabando por ser ferido na mão esquerda pelo estoque, recolhendo à enfermaria. Não saíu para lidar o quinto, que era o segundo do seu lote, invertendo-se a ordem de lide e toureando Francisco de Manuel em seu lugar o sexto toiro de Victoriano del Rio. Roca Rey lidou depois em último lugar aquele que era o quinto toiro da corrida, voltando a estar muito bem, mas falhando a matar, pelo que foi silenciado.

Francisco de Manuel conquistou Madrid com duas grandes faenas. Cortou uma orelha ao seu primeiro toiro e as duas ao segundo, saindo apoteoticamente em ombros com Andrés Roca Rey (fotos de cima).

Saudaram de montera em mão os bandarilheiros Francisco Duran Viruta (da quadrilha de Roca Rey, no segundo toiro, depois de bandarilhar) e Juan Carlos Rey e Francisco Sánchez (no quinto toiro, de Francisco de Manuel).

E assim terminou, com glória e também bronca, a temporada na primeira praça do mundo. Para o ano há mais!

Fotos Ricardo Relvas


Praça esgotada há vários dias. Ontem não cabia um alfinete
em Las Ventas




Talavante toureou bem o primeiro toiro, mas matou mal,
acabando silenciado




Momentos de arte de Talavante com o quarto da ordem, onde
se deu a bronca na hora de (não) matar...









Faena de antologia de Roca Rey no seu primeiro toiro, premiada
com as duas orelhas




Roca Rey voltou a estar brilhante com o último toiro, mas
perdeu os troféus com a espada








Francisco de Manuel conquistou Madrid: duas orelhas no seu
primeiro toiro asseguraram desde logo a porta grande








Novo triunfo de Francisco de Manuel no seu segundo toiro,
a que cortou a terceira orelha
Ovações aos bandarilheiro Francisco Durán Viruta (no segundo
toiro) e a Juan Carlos Rey (foto de baixo) e também a Francisco
Sánchez no quinto