segunda-feira, 20 de março de 2023

Forcados de Santarém e de Évora viveram ontem a mais dura das tardes frente aos Graves

Briosos e valentes Forcados de Santarém e de Évora viveram
ontem uma duríssima tarde na Monumental de Santarém

Miguel Alvarenga - Reza a história e prova-o a tradição que um toiro da emblemática ganadaria Murteira Grave ou se pega à primeira ou depois traz sarilhos... dos grandes! E, exceptuando as duas últimas grandes pegas da tarde de ontem em Santarém, as de Francisco Cabaço (Grupo de Santarém) e de Ricardo Sousa (Grupo de Évora), ambas magistrais e ambas ao primeiro intento, o sarilho foi mesmo a tónica dominante das outras intervenções dos dois consagrados grupos.

A primeira pega, como esta madrugada aqui mostrámos, que abriu a primeira corrida de toiros do ano, ficou consumada à décima tentativa por Caetano Gallego (na sua segunda intervenção), depois de oito tentativas - heróicas! - do valoroso Francisco Graciosa. Um episódio que os Amadores de Santarém não vão esquecer tão cedo. Mas que acontece aos melhores...

Os Graves afinaram pelo diapasão de dureza, seriedade e presença que são apanágios maiores da ganadaria da Herdade da Galeana. Não foram fáceis para as lides a cavalo, havendo a destacar, pela bravura e excelente jogo que proporcionou, o terceiro da corrida, superiormente lidado pelo triunfador João Moura Júnior e que proporcionou ao ganadeiro Joaquim Grave honras de merecida volta à arena.

Nas pegas, os toiros de Joaquim Grave deram água pela barba aos grupos de Santarém e de Évora, podendo mesmo dizer-se, como esta madrugada aqui referimos, que se tratou de uma das mais duras jornadas dos últimos tempos para os valentes rapazes das jaquetas de ramagens. Mal sentiam o forcado na cara, derrotavam com violência.

Para a cara do segundo toiro foi José Maria Passanha, dos Amadores de Évora, que sofreu duas violentíssimas voltaretas nas primeiras tentativas e consumou a pega à terceira, com arrojo, com decisão e com grandes ajudas dos companheiros. No final, recusou acompanhar Francisco Palha na volta à arena. Mas merecia a honraria.

O terceiro Grave foi pegado brilhantemente por Salvador Ribeiro de Almeida, de Santarém, à segunda, com oportuna intervenção do primeiro ajuda e do grupo todo, depois de na primeira tentativa ter também sofrido um duríssimo derrote.

O futuro cabo do grupo eborense José Maria Caeiro também não teve tarefa fácil para pegar o quarto toiro da tarde. Sofreu na primeira tentativa um derrote brutal que o deixou meio combalido e visivelmente diminuído. Mesmo assim, foi pela segunda vez à cara do toiro e acabou por realizar uma grande pega, dando aplaudida volta à arena com o cavaleiro Francisco Palha, que no final, num dos seus habituais gestos senhoriais, o aplaudiu e o empurrou para o centro da arena, onde recebeu calorosa ovação.

Francisco Cabaço fez um pegão ao quinto toiro da tarde. Muito bem a templar a forte investida do Grave, fechou-se com braços de ferro, aguentou a viagem e foi muito bem ajudado pelos companheiros. Uma pega enorme de um forcado de raça e de alma. O público levantou-se a aplaudi-lo na volta que deu à arena com Moura Júnior e depois ainda foi sózinho ao centro da praça receber uma ovação estrondosa.

A última pega foi outro hino de glória protagonizado pelo consagrado Ricardo Sousa do grupo eborense. Bonito a citar de praça a praça, artista e toureiro a templar a investida, fechou-se com firmeza e decisão, consumando outra pega emotiva, em que há também que enaltecer e aplaudir a intervenção de todos os elementos do grupo. A corrida acabou em beleza - mas fica na história como uma das mais duras a que assistimos nos últimos anos. Graves são Graves, meus amigos... Mas tiveram pela frente Forcados de barba rija, havendo que enaltecer o facto de todos os forcados terem dado as vantagens aos toiros, citando-os de largo, com arrojo e valentia.

Destaque para as extraordinárias intervenções dos rabejadores Miguel Tavares (Santarém) e João Madeira (Évora), e também para as actuações oportunas e coesas de todos os ajudas nas seis pegas.

Houve brindes especiais: Salvador Ribeiro de Almeida (Santarém) dedicou a sua pega, no Dia do Pai, à viúva e aos três filhos do saudoso Caloca Martins (Montoya); e os Amadores de Évora dedicaram pegas ao ganadeiro Joaquim Grave e à Associação Sector 9.

João Pedro Oliveira, que se despede na Corrida de São Pedro em Évora passando o testemunho a José Maria Caeiro, esteve ontem em Santarém pela última vez como cabo do grupo alentejano, que esta temporada comemora o 60º aniversário da sua fundação - e a 11 de Agosto estará em Alcochete na 12ª Corrida "Farpas"

João Grave, cabo dos Amadores de Santarém, que também se despede em Junho das arenas passando a chefia do grupo a Francisco Graciosa, não pôde ontem estar na "Celestino Graça" por motivos da sua actividade profissional, tendo José Fialho assumido as funções de cabo.

Fique agora com as fotos das sequências das pegas de ontem - depois de já aqui termos mostrado a primeira - e mais tarde não perca a detalhada análise de Miguel Alvarenga, as fotos dos melhores momentos de Moura Jr. e Francisco Palha e, mais tarde, as caras dos Famosos que ontem emolduraram uma praça cheia em Santarém.

Fotos M. Alvarenga




























A emotiva e rija pega de José Maria Passanha (Évora) ao segundo
toiro da tarde, brindada a Joaquim Grave e consumada à terceira
tentativa. Forcado não quis dar a volta (merecida) à arena






















Brilhante a terceira pega, ao segundo intento, por Salvador
Ribeiro de Almeida (Santarém) que brindou em Dia do Pai à
Família do saudoso Caloca Martins. Forcado deu aplaudida
volta com. Moura Jr. e o ganadeiro Joaquim Grave
























Valente e decidido, José Maria Caeiro, futuro cabo do Grupo
deÉvora, executou uma grande pega ao quarto Grave, à
segunda tentativa














Enorme, em técnica, valor e poderio, a quinta pega da tarde,
consumada à primeira pelo valoroso Francisco Cabaço, forcado
a consagrar-se entre os seus pares no Grupo de Santarém













A corrida fechou com outra pega monumental de Ricardo
Sousa (Évora) também ao primeiro intento