Gabriel Mithá Ribeiro, deputado do Chega, reeleito nestas últimas eleições que deram uma estrondosa vitória ao partido de André Ventura, acaba de lançar o interessante livro "12 Regras para um Portugal mais justo" - no qual dedica um capítulo inteiro a destacar a importância que tem a Tauromaquia, arte por que se interessou em 2022, sendo desde então uma presença assídua nas nossas praças.
Na foto de cima, com Miguel Alvarenga esta segunda-feira em Lisboa no "El Corte Inglês", na apresentação da sexta edição da revista "Crítica XXI" de Jaime Nogueira Pinto.
"A ignorância é a arma infalível na destruição dos povos. A ninguém é exigível que goste da religião católica ou das corridas de touros. A todos é exigível que as respeitem enquanto referentes identitários maiores que instituíram aos seus povos. Assim como o peso identitário e histórico da religião católica coloca-a no coração do superego colectivo português ou espanhol, a tauromaquia assume peso idêntico no id ou instinto primário colectivo dos povos com essa tradição. Freud explica" - começa por escrever Gabriel Mithá Ribeiro. E depois, conta:
"A minha epifania taurina é recente. Manifestou-se na Praça de Touros de Abiúl (freguesia do concelho de Pombal, distrito de Leiria), a mais antiga de Portugal. Foi em Janeiro de 2022. A praça de touros estava vazia, dominada pelo silêncio apenas interrompido pelas explicações da guia da visita, Rita Fernandes, da junta de freguesia local. A partir do mês seguinte, comecei a frequentar corridas de touros pelo país e a acumular experiências associadas à tauromaquia graças aos meus amigos Henrique Gil e Lúcia Loureiro".
"Hoje não hesito em identificar no touro o animal totémico dos portugueses com tudo o que significa, inferência extensível aos espanhóis. Povo que despreza o seu animal totémico comete suicídio identitário. Tal desnorte existencial foi tipificado desde as sociedades mais remotas. Os milénios passam, a substância da condição humana não muda" - acrescenta.
Depois de descrever toda a importância e o significado da tauromaquia em nove páginas de um capítulo inteiramente dedicado ao "inimigos das touradas: etnocidas por ignorância", o autor conclui:
"Detesto revoluções, mas não morreria de desgosto se houvesse uma revolução dos touros contra as bestas que nos governam. Seria uma prova de profundo humanismo".
Gabriel Mithá Ribeiro nasceu em Lourenço Marques (hoje Maputo), Moçambique, em 1963. Tem ascendência africana, árabe e indiana e emigrou para Portugal, onde se licenciou em História e concluiu o mestrado e o doutoramento em Estudos Africanos. É docente, investigador e tem publicado textos científicos, ensaios, ficção e colaborado na imprensa.
Publicou oito livros, com destaque para os mais recente: "Novo Manual de Investigação" (2018) e "Um Século de Escombros" (2019).
Nas duas fotos de baixo, o deputado aficionado do Chega assistindo no Campo Pequeno à corrida de encerramento da temporada de 2023 e na segunda foto numa outra corrida na Benedita, também no ano passado.
Fotos D.R., M. Alvarenga e Fernando José