Miguel Alvarenga - A lusa tauromaquia rebaixou-se a níveis de ordinarice e falta de escrúpulos nunca vistos. Transformou-se num bordel de meninas. Que é como quem diz: numa casa de putas. Já começo a ter vergonha de andar aqui neste meio. Graças a Deus, fui educado de outra maneira, com outros princípios e muito maiores valores.
Mais ou menos bomba atómica, mais ou menos escandaleira. Desde ontem que o pessoal dos bois não fala de outra coisa. Pela internet, nos grupos de WhatsApp e noutras bandas, corre à velocidade do som o print dos insultos e ofensas no Facebook ao empresário Pombeiro, alegadamente vomitados pelo toureiro mexicano Gamero, que jura que não foi ele, que pretende insinuar que alguém se apoderou da sua conta da rede social para atacar o empresário que antes lhe deu a mão.
Pelo meio, Anão desapareceu em combate. Alega que foi roubado em noite de alegria madrilena, a festejar o triunfo do toureiro com amigos, ficou sem telemóvel e nunca mais se soube dele. Não veio a terreiro falar em nome do seu idolatrado rejoneador.
Nas hostes taurinas, as armas estão apontadas a Gamero, que todos criticam pelos alegadas injúrias e ofensas ao empresário que este ano não o contratou para Lisboa. E também a três colegas de profissão - o espanhol Romero e os portugueses Caetano e Bastinhas - que alegadamente terão comprado o Campo Pequeno ao empresário Pombeiro...
Pombeiro contra-atacou já. Entregou o caso uma famosa Sociedade de Advogados.
Pombeiro apagou os insultos no Facebook. Mas o espanhol que se intromete na vida taurina portuguesa espetou com o print no seu site.
Sou muito amigo de Pombeiro há mais de quarenta anos. Admiro e não deixo de elogiar Emiliano Gamero pela diferença, pelo ar puro que trouxe às nossas touradas que andavam há anos num assustador rame-rame mais do mesmo.
Mas tudo isto porquê? E para quê?
Não basta o que basta, ainda andam os homens dos bois em guerra uns com os outros?
Estalou o verniz, zangaram-se as comadres, vieram à tona as verdades?...
No tempo de Manuel dos Santos, de Nuno Salvação Barreto, de Manuel Gonçalves, de Rogério e Nené, a Festa tinha outra elevação. E quem andava nela tinha outro glamour e outra educação.
Descemos ao nível da pior bandalheira.
Isto assim não dura muito.
O último que sair que feche a porta. Ser aficionado aos bois já é uma estupidez. Há coisas bem mais giras na vida.
Há pouquíssimos anos, quando publiquei umas fotos do meu neto no Facebook e vaticinei que oxalá quando ele fosse crescido já não houvesse esta parvoeira das touradas, houve alguns que me criticaram...
Hoje reafirmo: oxalá isto acabe depressa, porque chegou a um ponto que já não interessa mesmo a ninguém.
Ainda cá estou porque sou Jornalista. Mas há muito mais coisas - e muito mais interessantes - para escrever. Aficion já a perdi toda. Saudades dos tempos de Manuel dos Santos... que foi quando e com quem eu comecei.
Fotos D.R.