Miguel Alvarenga - Noite grande ontem em Almeirim, praça que abriu em Maio com lotação esgotada (na primeira das duas memoráveis despedidas de Pablo Hermoso, aqui e depois em Setembro em Lisboa, com entradas de "não há bilhetes") e realizou ontem a segunda corrida, a das Vindimas, com as bancadas cheias até às bandeiras.
Um resultado importante para a tauromaquia, para a Santa Casa da Misericórdia de Almeirim, que com esta 4ª Corrida Borrego Leonor & Irmão angariou 35.041,39 euros para a sua louvável obra social), mas também para Rui Bento (promotor dos festejos, em parceria com a Santa Casa), que fechou a sua temporada com chave de ouro, depois de um arranque fantástico nesta mesma Monumental em Maio e de um Verão em grande na Nazaré com uma lotação esgotada e duas corridas cheias.
O título de "empresário das praças cheias", outrora exclusivo de João Pedro Bolota nos seus tempos áureos, assenta agora que nem uma luva em Rui Bento - que ontem voltou a ter um triunfo importante, mercê de um cartel muito bem montado e primorosamente rematado, que atraiu imenso público às bancadas da Monumental, agora modernamente chamada Arena de Almeirim.
Estavam anunciados seis toiros de Manuel Veiga, mas três terão sofrido lesões que obrigaram à substituição por outros tantos da ganadaria Santa Maria. Os primeiro, terceiro e sexto eram de Manuel Veiga, os segundo, quarto e quinto pertenciam à ganadaria de Santa Maria. Todos com excelente apresentação (pesos não excessivos, acima dos 500 quilos, mas sem exageros) e bom comportamento no geral, havendo a destacar a bravura do terceiro toiro, da ganadaria Veiga, premiado pelo director de corrida Manuel Gama com a merecida volta à arena do ganadeiro Carlos Veiga (filho de Manuel Veiga).
Ao início da corrida rendeu-se singela homenagem ao cavaleiro Rui Salvador, que ontem toureava pela última vez em Almeirim - e voltou a alcançar um notável triunfo, reafirmando que se despede num momento altíssimo e que, se quisesse, ainda por cá andaria mais uns bons anos em alta.
A homenagem resumiu-se a um brevíssimo elogio à carreira brilhante do cavaleiro tomarerense feito por José Lobo de Vasconcellos, Provedor da Santa Casa, que entregou a Rui Salvador um cartaz emoldurado da corrida. Rui usou depois da palavra para, com a simplicidade que o caracteriza, agradecer, emocionado, o carinho de todos os aficionados, uma vez mais ali demonstrado ontem.
A corrida teve ritmo, não houve tempos mortos, nem mornos - e não se pode eleger propriamente um triunfador, já que todos os cavaleiros estiveram em grande nível e os toiros das duas ganadarias, exigentes e sérios, contribuíram para o êxito do festejo, dada a entrega e o pundonor com que os seis ginetes os enfrentaram e tourearam, assim como proporcionaram pegas emotivas aos forcados de Montemor e de Alcochete, havendo que destacar o segundo grupo, com três grandes pegas ao primeiro intento. Os montemorenses pegaram um toiro à primeira, o segundo à segunda e o terceiro à terceira.
Rui Salvador esteve em plano de grande e reconhecida maestria na lide do primeiro toiro - de Manuel Veiga. João Moura Júnior superou algumas dificuldades apresentadas pelo segundo toiro da noite, de Santa Maria, o mais reservado dos seis que ontem sairam à arena de Almeirim, realizando uma aplaudida actuação. Marcos Bastinhas foi buscar o terceiro toiro (de Veiga) à porta dos sustos, aguentou firme a carga do oponente e depois brilhou com a exuberância e a alegria com que sempre marca a diferença, dando uma muito aplaudida volta à arena com o forcado e o ganadeiro Carlos Veiga.
João Ribeiro Telles abriu a segunda parte com um bom toiro de Santa Maria, que bregou e lidou com a verdade de sempre, galvanizando o público em ferros de nota altíssima. Seguiu-se João Salgueiro da Costa, também com um exemplar de Santa Maria que transmitia emoção, alcançando um triunfo importante com ferros de muito risco e mérito. E fechou praça a cavaleira local Mara Pimenta, que se exibiu também em belíssimo nível frente a um toiro sério de Manuel Veiga, com uma lide desenvolta que chegou ao público.
Já a seguir, vamos aqui mostrar todas as pegas, assim como os melhores momentos dos seis cavaleiros.
Pelos Amadores de Montemor pegaram José Maria Vacas de Carvalho à primeira; Vasco Carolino à segunda; e José Maria Marques ao terceiro intento.
Pelos Amadores de Alcochete foram forcados de cara João Dinis, Miguel Direito e Pedro Dias, todos à primeira tentativa.
A corrida foi presidida por Pedro Miguel Ribeiro, Presidente da Câmara de Almeirim e pelo Provedor da Santa Casa da Misericórdia, José Lobo de Vasconcellos.
Ao início, guardou-se, em dia de luto nacional, um respeitoso minuto de silêncio em memória dos heróicos Bombeiros que morreram a combater os fogos que têm assolado o país; e também em memória do saudoso empresário eborense António Paes de Sousa, que morreu aos 92 anos e foi um dos mais destacados empresários taurinos de Portugal.
A corrida foi bem dirigida por Manuel Gama, que esteve assessorado pelo médico veterinário José Luis da Cruz.
Uma última referência para o facto de as mais calorosas ovações da noite terem sido ontem para os Bombeiros quando os dois grupos de forcados e a cavaleira Mara Pimenta lhes brindaram as suas intervenções.
Fotos D.R./Arena de Almeirim e M. Alvarenga
Rui Bento - o empresário das praças cheias |
Pedro Miguel Ribeiro (ao meio), Presidente da Câmara, assistiu à corrida ao lado dos irmãos José (Provedor da Santa Casa) e Francisco Lobo de Vasconcellos |
Praça cheia ontem em Almeirim |
Momento da homenagem a Rui Salvador, feira pelo Provedor da Santa Casa, José Lobo de Vasconcellos |