Charraz era unha com carne com António Nunes, o apoderado de Romero, até ao ano passado, em que ficaram de candeias tão às avessas que jamais se puderem ver… (por motivos que dizem respeito a ambos e com os quais nada temos que ver, não são do âmbito tauromáquico).
Pombeiro tinha (tem) compromissos com António Nunes e prometera-lhe (como em anos anteriores) que Andrés Romero entraria num dos quatro cartéis da mini-temporada do Campo Pequeno. Charraz opôs-se determinantemente. Só por cima do seu cadáver o toureiro do ex-amigo Nunes estaria em Lisboa enquanto ele estivesse associado a Pombeiro nesta parceria.
O confronto deu-se num escritório da praça de toiros (Campo Pequeno) e na presença de dois membros da empresa de Álvaro Covões, actual adjudicatário da praça, que é propriedade da Casa Pia de Lisboa.
José Maria Charraz, que até é um homem calmo, exaltou-se e abandonou a reunião, bateu com a porta e Pombeiro saíu para a rua, atrás dele, pelo jardim. Mas o antigo forcado e empresário de várias praças alentejanas, não voltou atrás...
Foi aí que Pombeiro se virou para António Nunes, que através do seu afamado escritório de Advogados se apressou a resolver (acabar com) o contrato de parceria que existia entre a Ovação e Palmas de Pombeiro e a empresa de Charraz. Pombeiro assinou novo contrato de parceria com António Nunes e este fez mesmo questão de se anunciar como “o novo parceiro de Pombeiro no Campo Pequeno”. Pelo meio, contactou vários apoderados e ganadeiros e modificou alguns dos cartéis que estavam já rematados por Charraz… Chegou mesmo, recorde-se, a ameaçar que iria fazer "com Pombeiro ou sem ele", a apresentação dos cartéis...
Entretanto, surge o Movimento dos Cavaleiros, espécie de MFA formado com o objectivo de destronar António Nunes e acabar com o Estado Novo que se instalara no Campo Pequeno.
Charraz convoca uma reunião/jantar com os apoderados dos cavaleiros que tinha contratado para o Campo Pequeno, no Porto Alto - e desse repasto sai a decisão assumida pelos apoderados dos ginetes de não tourearem em Lisboa se o parceiro de Pombeiro fosse Nunes, uma espécie de movimento solidário com Charraz…
Pombeiro vê-se entre a espada e a parede. Passa noites sem dormir. Desdobra-se em contactos e telefonemas para a esquerda e para a direita.
Pedro Penedo, que fora (no final do ano passado) o grande obreiro do casamento de Charraz e Pombeiro (entretanto divorciado de Samuel e Jorge, da Toiros com Arte, ainda com contas para resolver...), volta a atacar e consegue convencer Luis Miguel a reunir de novo com Charraz em Beja. No dia em que a reunião tem lugar, Nunes está no sue escritório à espera de Pombeiro para "rematar os cartéis". Mas este não aparece...
Nessa reunião (Pombeiro foi para Beja com Penedo), Charraz volta a ser o parceiro do Campo Pequeno. Assinam novo contrato. E o empresário alentejano cede por fim a Pombeiro no tema Andrés Romero. O rejoneador espanhol entra na corrida de 8 cavaleiros de 22 de Agosto, mas Nunes não pode pôr os pés na trincheira da praça…
Na altura em que Pombeiro e Charraz voltam a juntar os trapinhos, António Nunes está, na altura (foi há duas semanas) na Ilha Terceira, por motivos profissionais. Pombeiro informa-o por e-mail de que a parceria está acabada, alegando que não consegue montar cartéis porque os toureiros se recusam a tourear se for ele o parceiro…
António Nunes explode e promete “derreter” Pombeiro… Mas chega a Lisboa e é travado. Outros valores se levantam. Nunes é apoderado de João Moura Caetano e a primeira tourada da mini-temporada lisboeta é a da comemoração dos 45 anos de alternativa de seu pai, o Maestro Paulo Caetano. Se agir, pode pôr em perigo a realização desta primeira tourada, prejudicando os Caetano.
Nunes faz um pacto de cavalheiros e promete não agir até à realização desta primeira tourada. A seguir, se verá…
Entretanto, Charraz e Pombeiro apresentaram ontem, finalmente, os quatro cartéis da reduzida e pouco relevante temporada do Campo Pequeno. O acto estava agendado para oito dias antes, mas entretanto João Moura Júnior informou-os de que, agastado com toda esta vergonhosa trapalhada, não se sentia confortável em tourear este ano em Lisboa (estava contratado para a corrida de Setembro e foi preciso encontrar substituto, daí o adiamento da apresentação dos elencos).
Ontem na praça de toiros (no corredor da entrada principal e não no Salão Nobre…) foram por fim apresentados os quatro cartéis das touradas do Campo Pequeno. Estiveram vários toureiros, mas poucos jornalistas…
Mas esteve o principal de todos: Andrés Romero, que fora o epicentro do terramoto que ia deixando Lisboa sem touradas, fotografou-se ao lado do cartaz da tourada em que vai participar (foto em cima).
Moral da história: valeu a pena tanta trapalhada para no fim ficar tudo resolvido e Romero sempre tourear (porque tem valor para isso) na praça do Campo Pequeno?… Valha-nos Deus! E tudo isto - que vergonha! - no ano em que se comemora o centenário de Manuel dos Santos, emblemático empresário desta praça (embora essa efeméride passe esquecida nas quatro touradas da capital... outra vergonha grande!)
P.S. - Quanto à composição dos cartéis, abstenho-me de fazer quaisquer comentários. A ausência habitual de uma relação institucional entre a empresa do Senhor Charraz e o “Farpas”, motiva-me a tomar este ano a decisão de esquecer (leia-se: ignorar) as quatro touradas do Campo Pequeno. O Senhor Charraz ignora o “Farpas” - e como amor com amor se paga, o “Farpas” ignora uma empresa onde esteja o Senhor Charraz. Embora lá esteja o nosso querido amigo Pombeiro. Que já tentou demover-me da minha decisão. Mas eu sou um Homem de Palavra. E tenho dito. Campo Pequeno, este ano, Não!
Foto D.R.