terça-feira, 30 de setembro de 2025

Joaquín Domínguez fala sobre a Feira de Zafra: "Sempre montei os cartéis e trabalhei nas minhas praças para que os aficionados de Portugal se sintam em sua casa!"

Joaquín Domínguez e seu filho Carlos, o braço-direito
na empresa Mar Toros

Joaquín Domínguez, figura incontornável do mundo empresarial taurino espanhol, gestor de importantes praças de toiros na Extremadura, onde promove por ano entre 130 a 140 festejos, é há muitos anos "o mais português" dos empresários de Espanha - pelo sentimento, pelo carinho e pelo brio profissional com que promove nas suas praças e nas suas feiras a tauromaquia lusitana, quer através da contratação de toureiros, de ganadarias ou de grupos de forcados.

A Feira de San Miguel em Zafra, um dos últimos importantes ciclos da temporada espanhola, com uma aula prática/novilhada na sexta-feira, uma corrida de rejoneio no sábado e a de matadores no domingo, volta a ter uma forte presença lusitana.

No sábado, lidam-se toiros de Guiomar Cortes de Moura (e de Los Espartales) e actuam Rui Fernandes e os forcados de Lisboa e do Aposento da Moita (com Diego Ventura e Leonardo Hernández); no domingo, Morante de la Puebla, Emílio de Justo e Juan Ortega enfrentam toiros de Manuel Calejo Pires.

A poucos dias do arranque de mais uma grande Feira de Zafra, o empresário Joaquín Domínguez fala ao "Farpas" das suas expectativas e, como todos os anos acontece, espera que se fale muito português pelas calles e pelos bares da cidade espanhola!

Entrevista de Miguel Alvarenga

- Joaquín, 41 anos como empresário taurino, tanto tempo, valeu a pena? Quais as melhores recordações?

- São 41 anos que passaram demasiado depressa, há muitos bons momentos e grandes resultados, mas sobretudo congratulo-me por ter conquistado o carinho e o respeito de todos os aficionados que vão às minhas praças, onde trabalho com seriedade para ganhar a sua confiança. Importante, também, ter, ao fim destes 41 anos, o reconhecimento dos profissionais que formam este mundo tão apaixonante como é o da tauromaquia, incluindo os do meu querido Portugal!

- Estamos “à porta” de mais uma Feira de San Miguel em Zafra e, como é habitual, de novo com forte presença portuguesa. Uma aposta constante na tauromaquia de Portugal?

- Faço, sempre fiz, os meus cartéis pensando na quantidade e na qualidade do grande número de aficionados portugueses que vêm à feira internacional ganadera, por isso há uma forte presença portuguesa, desde ganadarias a cavaleiros e forcados. Trabalho para que aqui se sintam como em sua casa. Somos povos irmãos e defendemos as nossas tradições. 

- Que expectativas para as duas grandes corridas, a de rejoneadores no sábado e a de matadores no domingo com um cartelazo. Vai-se afixar o cartel de “no hay bilhetes”?

- Montámos dois cartéis com grandes figuras do toureio a pé e do toureio a cavalo, com o aliciante, também, da actuação de dois grandes grupos de forcados, pelo que espero a presença de aficionados de várias localidades de Portugal, assim como dos aficionados de Espanha. São dois cartéis para encher a praça de Zafra!

- Quantos festejos taurinos continua a promover por ano?

- Entre corridas de toiros, corrida de rejoneadores, novilhadas e festejos populares, organizo entre 130 a 140 festejos por ano na Extremadura.

- Novidades parea 2026? Mais praças? Novos desafios?

- Para 2026, a ideia é manter as praças que temos e revalorizá-las, dar-lhes ainda mais categoria com cartéis de muita qualidade.

- No ano passado, apoderado por si, o matador “Juanito” teve um grande triunfo em Zafra. Porque não foi repetido este ano?

- Este ano decidi fazer uma mudança nos cartéis de toureio a pé e, como verás, não se repete nenhum dos matadores do ano passado. Sairam os três em ombros, todos merecem estar, mas só há uma corrida e procuro fazer o melhor, enquanto empresário, pensando no que mais impacto tem para os aficionados. Este ano, é um luxo contar com Morante, Emílio de Justo e Juan Ortega e estes dois últimos debutam (toureiam pela primeira vez) em Zafra.

- Além do rejoneador Leonardo Hernández, vai apoderar algum matador no próximo ano?

- A ideia é seguir com Leonardo, que está realizando uma temporada magnífica, actuando em praças importantes. De momento, não há nenhuma novidade em perspectiva, mas estou aberto, como sempre, a alguma opção. Mas sou mais empresário que apoderado.

- Pensa regressar um dia a Olivenza, a Badajoz?

- Em Badajoz estive 18 anos e em Olivença 25 e aí está o trabalho para a história dessas praças, deixei-as no ponto mais alto quando me fui embora de forma acidental e por um golpe. Não tenho nem ideia do que se passará no futuro…

Fotos M. Alvarenga e D.R.