Miguel Alvarenga - Tomás Bastos encheu ontem a praça de Vila Franca, cujo público estava ali concerteza muito mais por ele do que propriamente pela estreia (que não chegou a acontecer) do valoroso David de Miranda, reafirmando todas as suas potencialidades - e reafirmando, principalmente, que é, na realidade, o ídolo porque esperavam há vários anos todos os aficionados da chamada Sevilha portuguesa.
Em brasa ficaram muitos aficionados e ficaram, sobretudo, os cinco matadores nacionais no activo, pelo facto de o novo empresário da "Palha Blanco" ter optado por não substituir o lesionado Miranda, quando teria ficado muito melhor no retrato se tem anunciado um matador luso para ocupar o seu lugar.
Diga-se, em abono da verdade, que Bernardo Alexandre não cometeu propriamente um crime de lesa-pátria, nem sequer foi pioneiro em não substituir na "Palha Blanco" um matador espanhol que se lesionou e não pôde comparecer.
Há dois anos, o seu antecessor Ricardo Levesinho (de que hoje se esquecem, mas que foi o mais importante gestor da praça de Vila Franca nos últimos anos, sendo de lamentar os desaires que nos últimos tempos o obrigaram a recatar-se e a desaparecer em combate...) fez exactamente a mesma coisa. E ninguém barafustou tanto como ontem muitos barafustaram (mais em surdina do que ao vivo...). Não se lembram? Estava anunciado Morante também com Tomás Bastos, Morante não veio e Levesinho não o substituiu, ficou só Tomás e dois cavaleiros. Como ontem aconteceu. Portanto, repito, não percebo a admiração dos protestantes, quando não foi a primeira vez que isto aconteceu na "Palha Blanco". Era preferível e era mais aconselhável que não tivesse sido assim? Claro que era. Mas isso é outra questão.
Mas, seja como for, lamente-se. Foi pena que a empresa não tivesse substituído David de Miranda por um matador português. Devia tê-lo feito. E as associações (ditas) dos protagonistas da tauromaquia, preocuparam-se com isso? Essas coisas que continuam a não servir para nada, terão dado pela não substituição de Miranda... ou nem souberam disso?...
Foi pena, também, que a empresa tivesse vetado o site "Touro e Ouro". Goste-se ou não se goste, ele existe. E não existem muitos mais. Em nome da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e do direito a informar que assiste aos jornalistas, sinto que é justo vir aqui apresentar a minha solidariedade à equipa do "Touro e Ouro". Está feito.
Estive em Zafra, não posso falar de Vila Franca. Mais logo, publicaremos mais informação de quem esteve na "Palha Blanco" e confirmou, na realidade, o triunfo, as grandes maneiras, a força e genialidade do jovem Tomás Bastos - que saíu em ombros (foto de cima). E também o momento alto com que Tristão Ribeiro Telles está a chegar ao fim de uma fabulosa temporada marcada por triunfos memoráveis em muitas praças, como na Moita, em Villa Franca (em Maio e ontem), em Lisboa, no Redondo, em Santarém, em Montemor, em Beja e por aí adiante. Deu, de facto, um salto substancial e qualitativo, passando sem dúvida para os lugares da frente e destacando-se como um dos triunfadores desta temporada. Ontem, Francisco Palha deu um ar da sua graça, mas esteve, segundo me informam, muitos pontos abaixo do seu melhor. Acontece.
Toiros de Murteira Grave sérios e exigentes. E pegas rijas dos Amadores de Vila Franca, por Rodrigo Camilo (à primeira), Lucas Gonçalves (à terceira), Guilherme Dotti (à primeira) e Rodrigo Andrade (à primeira).
Lucas Gonçalves partiu três costelas e Rodrigo Teles, segundo ajuda na sua pega, sofreu fractura do nariz e traumatismo craniano. Digo Grilo, segundo ajuda na pega de Guilherme Dotti, deslocou um ombro.
Segundo o cabo Vasco Pereira nos acaba de informar, todos os forcados lesionados foram observados no hospital e já se encontram em casa - desejos de rápida recuperação.
Mais logo, não perca também a reportagem fotográfica do nosso companheiro Fernando Clemente.
Fotos Pedro Gomes/"Farpas" e Catarina Bexiga/"Falar de Toiros"/Facebook
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Vila Franca, praça cheia! |