Carlos Anjos (na foto com o empresário Bolota e Moita Flores), porta-voz dos Peticionários "Em Defesa da Festa Brava" e um dos grandes impulsionadores da jornada do último fim-de-semana em Santarém, faz também o balando de dois dias de inquestionável sucesso:
““Só os medíocres não erram, só os prepotentes não agradecem”
Na antiguidade clássica, alguém construiu a frase supra mencionada, sublinhando que todos devemos ter a noção dos erros que cometemos, nunca perdendo a capacidade de agradecer o apoio que nos é concedido. É isso que deve honrar o homem.
Finda a jornada festiva de 23 e 24 do corrente em Santarém, com inegável êxito, onde foram ultrapassados todos os objectivos que nos propúnhamos atingir, é tempo de um primeiro balanço. Assim, no início julgamos ser possível juntar em Santarém cerca de 35.000 pessoas, ambição que mesmo alguns de nós consideravam exagerada. Este número foi largamente ultrapassado. O número de bilhetes vendidos ficou perto dos 40.500, mas passaram pela Monumental Celestino Graça nos 4 espectáculos cerca de 45.000 pessoas. Já quanto à petição, a razão suprema deste evento, estabelecemos como objectivo atingir as 40.000 assinaturas. Terminamos o Domingo com um número muito perto das 52.000, quando ainda falta apurar algumas listagens oriundas de vários pontos do país que nos foram enviadas.
Relativamente a este ponto, convém referir que todas as assinaturas que dispomos, tem nome e n.º de Bilhete de Identidade, e partiram de manifestações de vontade das pessoas que aderiram a esta causa. O evento foi realizado para esse efeito, foi anunciado e todos sabiam ao que vinham. Cada assinatura vale efectivamente uma pessoa.
Até nisto somos diferentes daqueles que se dizem anti-taurinos. Não fomos no passado, não vamos no presente, nem iremos no futuro, para as portas de outros eventos, tentar ali obter as assinaturas, como se passou nos dois concertos dos U2 em Coimbra, onde um grupo de jovens no meio daquela confusão, tentava recolher assinaturas contra a festa brava. Algumas das pessoas que assinavam não faziam a mais pequena ideia do que estavam a fazer. Não criticamos, mas apenas refiro que nós os aficionados somos diferentes.
É pois o momento de honrar a frase com que iniciei estas linhas; pedir desculpa pelos erros de organização, que os houve, e mais importante, agradecer a todos. Desde logo aos aficionados que vindos de todo o país quiseram dizer presente. Foi uma extraordinária manifestação da mais pura “aficion”. Sentia-se alma taurina na Celestino Graça. Todos responderam ao nosso apelo. Apenas muito obrigado.
Um obrigado enorme também a todos os cavaleiros, matadores, novilheiros, forcados, bandarilheiros e a todos os ganadeiros que graciosamente nos ajudaram a construir estes dois dias de festa. Sem a sua ajuda, o seu profissionalismo, o seu talento, nada disto tinha sido possível.
Obrigado também a todos os que manifestaram vontade de estar presentes e aos quais não pudemos satisfazer essa pretensão. Havia toureiros e novilhos para mais corridas, mas era impossível.
Obrigado a todos os autarcas, de todos os quadrantes políticos e ao actual Secretário de Estado da Cultura, que vieram a Santarém mostrar a sua aficion, e que o fizeram de forma clara, dando a cara, mostrando a todos que ninguém tem motivos para ter vergonha de ser aficionado, antes deve sentir orgulho por essa sua condição.
Um obrigado especial ao João Pedro Bolota. Não o conhecia, nunca tinha falado com ele, nunca tínhamos partilhado o mesmo espaço. De início era apenas o empresário da Celestino Graça e por isso parceiro natural e obrigatório. Não era possível deixá-lo de fora. Depois tornou-se mais do que isso. Ofereceu-nos a sua “máquina” e os serviços da sua empresa, sem pedir absolutamente nada em troca. Diga-se que também não tínhamos nada para lhe dar. Tenho hoje a consciência que foi imprescindível, que sem a sua ajuda tudo teria sido muito mais difícil, talvez até impossível de ter sido realizado. Se a nós nos coube a estratégia, a ele coube a execução. O sucesso da iniciativa é também dele. Um grande abraço.
Um obrigado enorme também à comunicação social, principalmente às rádios locais que passam nas suas emissões programas de tauromaquia, aos “sites” especializados, à imprensa escrita, às revistas especializadas, às televisões pelo apoio incondicional. Gostava de os mencionar um a um, mas existiria o perigo de deixar alguém de fora, e isso não seria justo, pelo apoio que de todos sentimos.
Não vou falar das coisas negativas. Essas não contam, não são importantes, não podem ser importantes. O que temos de sublinhar é o espírito que saiu de Santarém e que não se pode perder. Provámos que juntos somos fortes, e que não existe movimento, associação, grupo excursionista, partido político, seja lá o que for que nos possa derrotar. Mas que fique claro; apenas ganhamos uma batalha. Se o espírito de Santarém sobreviver, se nos mantivermos unidos, ganharemos a guerra, esta e outras que apareçam.
Para que isso aconteça, temos de rapidamente acabar com a pequena intriga, com a pequena maledicência, enfim, temos de derrotar a frase que constantemente ouvimos “que os maiores inimigos da festa estão dentro dela”. Se conseguirmos isso, e de seguida nos centrarmos nos reais problemas da festa, então muito dificilmente voltaremos a passar pelo que estamos a passar actualmente.
Por fim, para os críticos do costume, para os profissionais da critica, aqueles que nunca acham nada bem feito, que nunca vem mérito em coisa alguma, mas que também nunca nada fizeram, deixo uma frase de um antigo presidente dos Estados Unidos: “Não critiquem; façam qualquer coisa! “ Sendo que é sempre mais fácil criticar do que construir algo.
Um grande obrigado a todos!
Carlos Anjos
Porta-voz dos Peticionários.”
Foto João Dinis