A menos de 24 horas do arranque oficial
da temporada tauromáquica portuguesa (amanhã no festival em Mourão), Miguel
Alvarenga revela os primeiros segredos do relançamento do jornal - que deverá
ocorrer na quinta-feira, 12 de Abril, dia da inauguração da época na praça do
Campo Pequeno. Saiba já a seguir as primeiras novidades.
Entrevista de Hugo Teixeira
- Fazer estas revelações na véspera da
abertura da temporada não terá sido mera coincidência, Miguel...
- Já as podia ter feito antes, mas
escolhi precisamente que coincidissem com o arranque da temporada, é a altura
certa.
- E que novidades temos? Quando volta o
"Farpas" às bancas?
- Tem havido sucessivos adiamentos, mas
nada tem sido por acaso. O projecto está em marcha e vai-se tornar realidade.
Há mais que uma hipótese, neste momento estou a estudá-las. Primeiro
projectou-se que pararia apenas um mês e recomeçaria em Setembro, depois
considerou-se que não valia a pena "queimar cartuxos" durante o
defeso, agendou-se o mês de Março para o relançamento e por fim decidiu-se que
o jornal voltará ao convívio dos leitores só em Abril, na quinta-feira, dia 12,
que é o dia da inauguração da temporada no Campo Pequeno...
- E porquê nessa data?
- O Campo Pequeno é a praça emblemática
do país, a data de abertura é a data porque esperam todos os aficionados e
considerámos que seria o dia exacto e oportuno para relançar o jornal...
- Falas no plural, quer isso dizer que
estás a falar em nome de uma equipa, de uma empresa?
- Concerteza que sim. Há um grupo
empresarial, há uma equipa e o jornal não sou eu. É uma equipa. Enquanto fui
durante quinze anos proprietário do "Farpas", com todos os problemas
que isso acarreta... e não são poucos, desta vez e graças a Deus, o jornal não é
meu. Serei provavelmente o director, isso não está ainda decidido, serei uma
vez mais "o rosto" do jornal, digamos assim, mas não o proprietário.
- Chama-se "Novo Farpas"?
- Pode chamar-se ou não. Estamos neste
momento e decidir tudo isso. Pode eventualmente ter um título novo, até para
não haver misturas com o blogue, que vai continuar.
- Mas falaste anteriormente em várias
hipóteses...
- Há uma outra hipótese, que passa pela
publicação semanal do "Farpas" ou "Novo Farpas" como
suplemento de um jornal nacional, semanário, de grande tiragem. O que seria uma mais valia para ambas as partes. Estou, como disse, a
estudar todas as possibilidades. Confesso que neste momento me dou muito bem
com o blogue e que não pensava, confesso, a sério, em regressar à aventura de
fazer um jornal... por mim, ficava-me com o bogue. Mas o "bichinho"
até cá dentro e por isso é muito natural que o projecto avance, seja de uma
forma ou de outra.
- E que jornal era?
- O segredo continua a ser a alma do
negócio. E neste momento mantenho conversações.
- O blogue não "abranda", é
isso?
- De maneira nenhuma. O blogue é neste
momento um sucesso sem paralelo e vai continuar. Bastará apenas gerir ambas as
situações por forma a que o blogue não prejudique o jornal e vice-versa.
- E o formato do jornal, será o mesmo?
- Digamos que a "ideologia" é
a mesma, mais alargada, com mais temas que atinjam maior número de público,
terá mais páginas e pode ter um formato entre revista e jornal, mas sendo
essencialmente jornal, às quintas-feiras. Semanal.
- E a equipa?
- Estamos a formá-la. Com novidades. Mas
preferia para já não me alargar, até porque as "contratações" estão
ainda em negociação. Manter-se-à parte da equipa anterior e entrarão novos
elementos.
- Perguntei pela equipa, porque se gerou
entretanto uma guerra, que pessoalmente lamento, entre membros da anterior equipa
do "Farpas", nomeadamente entre o Cortesão e a Solange, entre ti e a
Solange...
- Guerras estúpidas e que, quanto a mim,
favorecem a luta dos anti-taurinos, que me parece andarem pouco atentos, se não
exploravam tudo isto... como eu exploraria! Não comento as guerras do Cortesão
com a Solange. Quanto a mim, não dou importância a isso. A Solange continua a
ser um elemento que admiro e não ponho de parte, de modo algum, que venha a
integrar a nova equipa. Porque não?
- Tinha que fazer a pergunta: Bastinhas
e Caetano são os novos donos do jornal, como escreveu há meses um blog
anónimo?...
- Não comento notícias dadas por
anónimos. Como sabes, a internet é hoje um mundo onde qualquer um pode
"fazer um jornal", seja em formato de site ou de blog ou seja nas
redes sociais. E onde não impera a Lei de Imprensa. Tudo é permitido e tudo o
que se escreve fica impune. Até um dia... Nem o meu amigo Bastinhas, nem o meu
amigo Caetano são os donos do jornal. Mas podiam sê-lo, qual era o mal? São
precisos investidores, em todo momento isso aconteceu com os jornais. Sem
investidores não se pode andar para a frente. Trabalhei em vários jornais, de
"O Diabo" a "O Crime", passando por "A Rua" e
"O Título", entre outros e houve sempre investidores. Como aqui
haverá, certamente. Como muito bem disse o Rui Fernandes na entrega de troféus
do "Farpas", em Dezembro, "todos temos que ser donos do 'Farpas'
porque o 'Farpas' faz falta a todos nós".
- Há quem defenda que o "Farpas"
não faz falta, que é "anti-taurino", etc...
- Nunca me importou o que escrevem ou
dizem de mim e do jornal. E a verdade é que até se fizeram blog's anónimos para
escrever mal do "Farpas" e de mim e nunca se fez nada igual para
dizer mal de outros, o que me enche de orgulho e até, confesso, de alguma
vaidade. Sempre fui adepto da velha máxima que nos ensina que "os cães
ladram e a caravana passa". E a prova está aqui no blogue. Escrevem e
dizem muitas coisas, mas ainda ontem tivemos quase 7 mil visitantes. E por mais
que tentem fazer crer o contrário, aqui não se engana ninguém. Nem precisávamos
de o fazer. Os números são da base de dados do Google, que não me conhecem de
lado nenhum, que não teriam razões nenhumas para me enganar. O blogue é um
sucesso porque é e isso é que incomoda muita gente. Temos pena... mas vamos
continuar!
- Esses blog's anónimos incomodam?
- Não incomodam nada. Fazem falta. É
salutar que existam. Só é criticável que as pessoas se escondam, com medo, não
dêm a cara. Isso é que lamento... Que escrevam mal de mim, até gosto... mas dêm
a cara, não tenham medo!
- Para terminar, como estão as relações
com o Campo Pequeno?
- Penso que está tudo bem encaminhado
para que haja este ano um reatamento da relações que se romperam há dois anos.
Precisamos todos uns dos outros para pôr a Festa no seu lugar.
- Já falaste com Rui Bento?
- Através de terceiros, temos
"falado". Mas havemos de nos sentar à mesa outra vez.
- Vais pedir desculpas?
- Não tenho nenhum problema nisso. Se já
o fiz, mais que uma vez por escrito, fá-lo-ei, como homenzinho que sou, pessoalmente.
Concerteza que sim, sem problema algum. Assumo os meus erros e confesso que, na
altura, quem errou fui eu e não ele.
- Leste a entrevista que deu hoje à
Solange?
- Claro que li, leio tudo todos os dias.
- E como a interpretas?
- Como uma entrevista que deveria ter
sido dada mais para a frente, uma vez que não diz ainda nada de concreto sobre
a temporada no Campo Pequeno, admitindo mesmo que não há ainda nenhum toureiro
contratado. Fala de intenções para a temporada, não de dados concretos. É ainda
cedo...
- O que fica desta entrevista, Miguel?
- Acho que as duas coisas mais
importantes que o Rui Bento diz são a intenção de reajustar (que interpreto
como diminuir) os honorários dos toureiros, face à crise e também o facto de
admitir que os novos cavaleiros, filhos das figuras, não há meio de darem o
salto, já tiveram todas e mais algumas oportunidades e ainda "não disseram
nada". Tem toda a razão, o Rui.
- Estamos em cima do acontecimento, uma
opinião sobre o fim do apoderamento de Caetano por Bolota...
- Acho estranho que tenha acontecido
quando faltavam apenas 48 horas para o início da temporada, porque essas coisas
se resolvem no defeso. Sinceramente, não entendi. Sou amigo de ambos, já falei
com os dois e continuei sem entender que motivos terão levado o João Pedro a
assumir uma atitude destas numa altura destas...
- Resumindo e concluindo, vamos ter
jornal?
- De uma forma ou de outra, penso que
sim.
- Não estás em Paris a tratar disso?
- Não. Estou a descansar por três dias,
quinta-feira já estarei em Lisboa.
Foto Hugo Calado/Arquivo