José Varela Crujo em Salvaterra de Magos em 27 de Junho de 1981 e na foto de cima, em Santarém, em 12 de Abril do mesmo ano |
À esquerda, na trincheira, o pai de Varela Crujo deita a mão à cabeça |
Drama e pânico na arena do Campo Pequeno |
O momento em que o cavaleiro era retirado da arena, inerte, vendo-se à direita José Maldonado Cortes, que era o cabeça de cartaz |
Na fatídica noite de 11 de Agosto de 1983, no Campo Pequeno, Henrique de Carvalho Dias (foto ao lado) foi autor da únicas fotos que registam o momento dramático da colhida fatal do cavaleiro José Francisco Varela Crujo, que viria a falecer no dia de Natal de 1987, cumprem-se hoje exactamente 25 anos, após mais de quatro anos em estado de coma. As fotos, que hoje Carvalho Dias nos recorda, foram ao tempo publicadas no semanário "O Diabo" e posteriormente no jornal "O 1º Tércio" - o autor recusou propostas irrecusáveis que lhe foram feitas pelos grandes jornais nacionais pela exclusividade das fotos. Neste texto, Henrique de Carvalho Dias recorda-nos essa noite triste no Campo Pequeno:
Henrique de Carvalho Dias - Cumprem-se
hoje, dia 25 de Dezembro, 25 anos do desenlace do cavaleiro bejense José Varela
Crujo, vítima de grave colhida na noite de 11 de Agosto de 1983, na arena
capitalina do Campo Pequeno. Um
toiro de Agostinho Pontes Dias, colheu-o gravemente mantendo-o em coma profundo
irremediavelmente no seu leito
durante quatro longos anos.
A acompanhá-lo clínicamente,
esteve o devoto e saudoso Dr. António Semedo, pai do cavaleiro Tito Semedo, que
o assistiu até à morte.
Nesse fatídico 11 de Agosto, dia de má
memória para a tauromaquia, encontrava-me na trincheira, por baixo do Sector 2.
A meu lado, Paulo Pereira, com
quem conversava, seguindo atentamente com a minha câmara fotográfica o
desenrolar da lide. O toiro adiantava-se à montada colhendo-a violentamente
pela espádua, e num ápice, derrubou e arrastou o cavaleiro que embateu
violentamente no solo, ficando inerte na arena.
Começara a fotografar, sem ter tempo de
focar a máquina. Fiz fotograma a
fotograma, manualmente. No momento do embate no solo, José Batista Crujo, pai
do malogardo cavaleiro, elevando as mãos à cabeça, balbuciava, pedindo a
protecção da Virgem Maria. Quando prontamente era socorrido e levado em braços,
José Francisco, tinha no semblante branco o espectro da morte, sem reacção a estímulos - e não mais
acordaria. Ainda hoje, volvidos estes vinte e cinco anos, mantenho na retina tão
triste, quão horrível episódio.
No dia imediato, fui contactado por
variada imprensa que pretendiam adquirir os negativos em exclusivo, por um
valor elevado. Recusei tais ofertas. Preferi que fosse o meu amigo Miguel
Alvarenga a publicá-las na sua página de então, "Diabo ao Quite", do
semanário "O Diabo", e João Mascarenhas no seu jornal "O 1º
Tércio". Posteriormente publiquei-as na minha Revista "O Toiro".
Agora, nesta comemoração, tenho o gosto de partilhar estes trágicos momentos,
convosco, através do "Farpas Blogue".
Fotos Henrique de Carvalho Dias