segunda-feira, 24 de junho de 2013

Sábado: orelha a Miguel Moura no seu debute em Badajoz, Cartagena e Ventura em ombros

Pouco público nos sectores de sol (calor intragável...) e sombra mais composta.
Mesmo assim, menos gente que nos anos anteriores na corrida de rejoneio
Cartagena, em grande momento, obteve três orelhas
Ventura esteve brilhante no seu segundo toiro, sobretudo na brega e na forma
como "mexeu" com o oponente
Triunfal debute de Miguel Moura em Badajoz. Cortou uma orelha no primeiro toiro
e matou mal o segundo, sendo aplaudido. "Quem sai aos seus, não degenera"...



Miguel Alvarenga - "Uma tarde sobre a linha divisória que vai do tédio à paixão", assim titulou Estefanía Zarallo, nas páginas do jornal "Hoy", a sua reportagem sobre a corrida de rejoneio que sábado abriu a Feira Taurina de San Juan na Monumental de Badajoz e que, o contrário de anos anteriores, atraíu desta vez pouco público às bancadas da praça (menos de meia casa), inaugurada em 24 de Junho de 1967 pelo alcalde da cidade fronteiriça, Emílio García Martín e pelo então presidente da República de Portugal, Almirante Américo Thomaz.
A cronista do jornal espanhol considera "surpreendente" a falta de público na corrida de sábado, sobretudo pelo facto de "o toureio a cavalo ter sempre um público fiel" e justifica a fraca afluência às bilheteiras "talvez devido à crise" ou ao facto de "ultimamente, os festejos de rejoneio serem 'um tanto tediosos' com toiros que transmitem pouco às bancadas e toureiros que alargam as faenas acabando com os toiros mesmo antes dos rojões de morte".
Pode ter razão. De facto, os toiros das ganadarias de linha Murube - caso dos de Luis Terrón lidados sábado em Badajoz - pouca emoção transmitem e as lides tornam-se, de facto, prolongadas e chatas...
O quarto e quinto toiros, lidados respectivamente por Cartagena e Ventura, foram os melhores da tarde. Os demais sairam sonsos, sem chama e, ainda por cima, demasiado magritos...
Havia muitos aficionados portugueses nas bancadas - e alguns na trincheira - o que é costume nas corridas de Badajoz e sábado se justificava em pleno, dada a presença em praça do jovem Miguel Moura, que fazia ali a sua estreia depois do triunfal e recente debute em Madrid.
Miguel Moura não defraudou, antes pelo contrário. Esteve acertado na brega e em todos os momentos das duas lides, toureando com verdade e colocando emoção onde esta parecia não existir. Toureou muito bem e matou menos bem, ou mesmo mal. "Quem sai aos seus não degenera" e o uso do rojão de morte foi sempre o trágico "calcanhar de Aquiles" do Maestro João Moura, seu Pai. Miguel cortou uma merecida orelha ao seu primeiro toiro, com petição da segunda (não concedida) e foi aplaudido no segundo, perdendo por isso a honraria de sair em ombros.
Andy Cartagena foi autor de duas brilhantes actuações, fazendo alarde das excelentes montadas da sua quadra, bem como do bom momento que atravessa. Foi premiado com uma orelha no seu primeiro toiro e com duas no segundo.
Diego Ventura, que se apresentou em Badajoz ainda com marcas na cara do golpe que sofreu há três semanas na sua herdade, provocado por um poldro (visíveis na foto ao lado), é um toureiro imparável. Lidou bem o seu primeiro toiro, mas matou mal e foi silenciado. No segundo, em que esteve superior na brega e nos recortes, cravando com emoção, obteve duas merecidas orelhas.
Cartagena e Ventura sairam em ombros depois de terem estado, de facto, brilhantes. Na bancada, alguém me dizia depois de ver os dois rejoneadores: "... e os portugueses que se cuidem, que estes estão mais bem montados e dão mais espectáculo e emoção à Festa...". Pois...
Depois, queixem-se!...

Fotos M. Alvarenga