Pouco público nos sectores de sol (calor intragável...) e sombra mais composta. Mesmo assim, menos gente que nos anos anteriores na corrida de rejoneio |
Cartagena, em grande momento, obteve três orelhas |
Ventura esteve brilhante no seu segundo toiro, sobretudo na brega e na forma como "mexeu" com o oponente |
Triunfal debute de Miguel Moura em Badajoz. Cortou uma orelha no primeiro toiro e matou mal o segundo, sendo aplaudido. "Quem sai aos seus, não degenera"... |
Miguel Alvarenga - "Uma tarde sobre
a linha divisória que vai do tédio à paixão", assim titulou Estefanía
Zarallo, nas páginas do jornal "Hoy", a sua reportagem sobre a
corrida de rejoneio que sábado abriu a Feira Taurina de San Juan na Monumental
de Badajoz e que, o contrário de anos anteriores, atraíu desta vez pouco
público às bancadas da praça (menos de meia casa), inaugurada em 24 de Junho de
1967 pelo alcalde da cidade fronteiriça, Emílio García Martín e pelo então presidente
da República de Portugal, Almirante Américo Thomaz.
A cronista do jornal espanhol considera
"surpreendente" a falta de público na corrida de sábado, sobretudo
pelo facto de "o toureio a cavalo ter sempre um público fiel" e
justifica a fraca afluência às bilheteiras "talvez devido à crise" ou
ao facto de "ultimamente, os festejos de rejoneio serem 'um tanto
tediosos' com toiros que transmitem pouco às bancadas e toureiros que alargam
as faenas acabando com os toiros mesmo antes dos rojões de morte".
Pode ter razão. De facto, os toiros das
ganadarias de linha Murube - caso dos de Luis Terrón lidados sábado em Badajoz
- pouca emoção transmitem e as lides tornam-se, de facto, prolongadas e
chatas...
O quarto e quinto toiros, lidados
respectivamente por Cartagena e Ventura, foram os melhores da tarde. Os demais
sairam sonsos, sem chama e, ainda por cima, demasiado magritos...
Havia muitos aficionados portugueses nas
bancadas - e alguns na trincheira - o que é costume nas corridas de Badajoz e
sábado se justificava em pleno, dada a presença em praça do jovem Miguel Moura,
que fazia ali a sua estreia depois do triunfal e recente debute em Madrid.
Miguel Moura não defraudou, antes pelo
contrário. Esteve acertado na brega e em todos os momentos das duas lides,
toureando com verdade e colocando emoção onde esta parecia não existir. Toureou
muito bem e matou menos bem, ou mesmo mal. "Quem sai aos seus não
degenera" e o uso do rojão de morte foi sempre o trágico "calcanhar
de Aquiles" do Maestro João Moura, seu Pai. Miguel cortou uma merecida
orelha ao seu primeiro toiro, com petição da segunda (não concedida) e foi
aplaudido no segundo, perdendo por isso a honraria de sair em ombros.
Andy Cartagena foi autor de duas
brilhantes actuações, fazendo alarde das excelentes montadas da sua quadra, bem
como do bom momento que atravessa. Foi premiado com uma orelha no seu primeiro
toiro e com duas no segundo.
Diego Ventura, que se apresentou em
Badajoz ainda com marcas na cara do golpe que sofreu há três semanas na sua
herdade, provocado por um poldro (visíveis na foto ao lado), é um toureiro imparável. Lidou bem o seu
primeiro toiro, mas matou mal e foi silenciado. No segundo, em que esteve
superior na brega e nos recortes, cravando com emoção, obteve duas merecidas
orelhas.
Cartagena e Ventura sairam em ombros
depois de terem estado, de facto, brilhantes. Na bancada, alguém me dizia
depois de ver os dois rejoneadores: "... e os portugueses que se cuidem,
que estes estão mais bem montados e dão mais espectáculo e emoção à
Festa...". Pois...
Depois, queixem-se!...
Fotos M. Alvarenga