segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Ontem no Sobral: toureiros e forcados bravos frente a toiros mansos...

Sempre em bom plano, Luis Rouxinol triunfou ontem na arena do Sobral
Menos de 24 horas depois da apoteótica saída em ombros na Nazaré, Filipe
Gonçalves galvanizou ontem o público do Sobral com o seu toureio
de fortes emoções e alto risco
João Maria Branco assinou ontem duas lides notáveis a dois toiros mansos,
provando que tem valor e argumentos para aqui andar de cabeça erguida
Único ferido da tarde: Francisco Faria, dos Amadores de Vila Franca. Saíu da arena
de maca, mas felizmente não sofreu nenhuma lesão grave
Grandes pegas, ontem no Sobral, dos forcados de V. Franca e da Chamusca



Miguel Alvarenga - Foi sonsa e sem grande história a corrida que ontem à tarde se realizou, com três quartos fortes das bancadas preenchidos, na praça do Sobral de Monte Agraço, por ocasião das centenárias festas locais. O espectáculo foi promovido pela empresa do Campo Pequeno com a colaboração dos irmãos Penedo, que pelo sétimo ano consecutivo realizavam a corrida da sua empresa de tractores. Os toiros do ganadeiro Engº Jorge de Carvalho, bem apresentados (mas isso não chega...) primaram na generalidade pela mansidão e deram pouca luta aos cavaleiros, também não dificultando muito a vida aos forcados. Valeu o facto de todos eles terem recolhido rapidamente aos curros, depois de lidados, o que apressou o espectáculo em tarde de muito frio, em ambiente já meio imprópria para se ver toiros... Enfim.
Os seis toiros sairam todos à praça com imenso gás, mas cedo o foram perdendo. O último ficou literalmente "colado" às tábuas e de lá não saíu ao longo da lide...
Luis Rouxinol imprimiu rigor e técnica às suas duas actuações, quase fazendo esquecer o público de que não tinha toiros à sua altura. Chama-se a isso veterania e o cavaleiro de Pegões não dorme na fila. Esteve brilhante, como sempre está.
Filipe Gonçalves vinha animado com o apoteótico triunfo da véspera na Nazaré e também, é justo dizê-lo, com a brilhante temporada que vem realizando e de que é, muito justamente, um dos grandes triunfadores. Teve duas lides diversificadas, ao seu melhor estilo, com destaque para a segunda, em que sobressaíu um grande ferro curto em sorte frontal e um arrojado par de bandarilhas. O público, como sempre, esteve com ele e vibrou com o seu toureio de emoção.
João Maria Branco bailou ontem com as mais feias. Calharam-lhe os mais mansos dos mansos toiros do Engº Jorge de Carvalho e o jovem cavaleiro demonstrou ter argumentos de sobra para enfrentar qualquer toiro e fazer frente a qualquer adversidade. Convenceu tudo e todos sobretudo na última lide, a um toiro que se fechou em tábuas e ao qual deu a volta com arriscados ferros cravados a sesgo e em terrenos de alto compromisso. Todos os toiros têm lide, até os mansos - e Branco provou ontem, a quem ainda tinha dúvidas, que não anda nesta vida para ser só mais um.
Exceptuando o contratempo da colhida de Francisco Faria (V. Franca), que saíu da arena de maca, mas não sofreu nenhuma lesão grave, os forcados de Vila Franca e Chamusca tiveram actuação notável. Pelos de V. Franca pegaram João Matos, António Faria (a dobrar o companheiro lesionado) e Nuno Vassalo, todos à primeira; pelos da Chamusca foram caras Mário Duarte e Diogo Cruz à primeira e Igor Rabita à segunda.
Bom desempenho de todos os peões de brega e direcção correcta de Lourenço Luzio, assessorado pelo médico veterinário José Manuel Lourenço.
Depois da corrida, veio o que foi, afinal, o melhor da festa: uma valente e bem saborosa "paella" em casa dos irmãos Penedo, com a presença dos cavaleiros Luis Rouxinol e Filipe Gonçalves e das suas respectivas quadrilhas, bem como a dos bandarilheiros de João Maria Branco (que não esteve presente por ter outros compromissos).

Fotos M. Alvarenga